Músico e ativista político e cultural, José Luiz de França Penna, 72 anos, é presidente nacional do Partido Verde. Penna nasceu em Natal, mas é baiano por adoção. Foi vereador, deputado federal e secretário de cultura do estado de São Paulo. Penna acredita que um dos reflexos da descrença na política é a desmobilização da sociedade, dado que só interessa a quem detém o poder. Por isso ele propõe uma retomada de posição por parte de militantes, simpatizantes e ambientalistas para que o PV nessas eleições eleja uma bancada expressiva no Congresso.
“Temos que derrubar essa cláusula de barreira no voto”, diz Penna Para o presidente nacional do PV, José Luiz Penna, nessas eleições, para obter êxito o partido deve adotar um discurso tático, tendo em vista seu plano programático e estratégico.
— Quais as expectativas para as eleições para este ano?
— Acredito que lei eleitoral vigente, produzida com espírito pouco democrático – justamente por buscar o enxugamento artificial do quadro partidário em nome da governabilidade – é uma mentira. O que acontece é que essa proliferação de partidos sem sentido algum decorre de uma ficção que é o presidencialismo de coalizão ou de cooptação, como queiram. É uma distorção de que se nutre o sistema para poder sobreviver, para garantir a governabilidade a partir do esfacelamento partidário.
Defendemos a pluralidade partidária e o direito da sociedade de produzir quantos partidos sua inspiração mandar. Evidentemente dentro de um contexto de legitimidade e correlação de forças.
— Com o início dos resultados da Operação Lava Jato e a prisão de vários dos envolvidos, como o sr. acha que será o comportamento do eleitor deste ano? Mais consciente, fiscalizador, exigente?
— Eu não tenho nenhuma expectativa favorável a uma maior seletividade do voto. Acho que temos que brigar voto a voto com as forças conservadoras, que avançam no Congresso. O PV se empenha para eleger uma expressiva bancada na câmara dos deputados e lograr êxito diante dessa cláusula de barreira.
— Com a fragilidade no uso de dados das pessoas nas redes sociais e a possível manipulação de informações – inclusive com a proliferação das fake news – como o sr. avalia a consolidação das campanhas eleitorais nas redes sociais em 2018?
É inegável que as redes sociais terão mais força agora do que na eleição passada. Mas não acredito que seja um fator que vá definir o pleito. É preciso fazer uma distinção: as redes têm um significado maior nas eleições majoritárias. Nas proporcionais as redes já não têm o mesmo peso. Acredito que o que conta para quem concorre a uma vaga no Legislativo ainda é o corpo a corpo físico, não precisamente o virtual, sem abrir mão dele, claro…
— O que as pessoas que estão encarando o desafio de disputar uma eleição pelo PV precisam ter em mente para levar o ideário verde adiante?
— Como diria Gabeira vamos supor que o Brasil existe. Então acredito que essa é uma discussão entre o tático e o estratégico. Sem ferir a estratégia buscamos o discurso tático. Significa que é preciso ter sempre no horizonte as nossas causas programáticas, que são a nossa razão de ser. Temos que lutar pra fazer valer nossos princípios. Mas devemos ter também a exata dimensão desse eleitorado, que tem revelado um crescente conservadorismo, e discutir questões que a ele são permeáveis. E claro isso depende muito da sensibilidade de cada candidato.
Fonte: Blog Revista Total