Evandro Cini: Candidato, o senhor foi eleito vereador na última legislatura e de que forma o senhor acha que pode fazer mais ou pode contribuir mais como prefeito?
Raul Gonçalves Paula: Eu queria dizer para as pessoas que eu tenho 55 anos de idade, nasci na cidade de Bauru. Morei, inclusive, a minha vida inteira aqui no Bela Vista, próximo aqui a TV, tenho dois filhos que também já se formaram em medicina e eu espero contribuir com esta cidade de forma que a gente possa fazer ela mais bela e mais bonita. Eu não gostaria de ter meus filhos sendo roubados, entre aspas, por outras cidades em ofertas melhores de trabalho e acho que a vida é muito curta para a gente passar por estas coisas. É aquela coisa de ninho. Estou no meu ninho, gostaria de que eles ficassem próximos da gente, tenho certeza que meus netos vão nascer aqui e eu gostaria que Bauru fosse mais bela, com mais oportunidades não só para meus filhos ou netos, mas para todos vocês que estão aqui ouvindo a gente neste momento.
Evandro Cini: Efetivamente, caso o senhor seja eleito, com o que o senhor pode contribuir? Qual o seu carro-chefe para tentar contribuir mais com esta cidade?
Raul Gonçalves Paula: Olha, eu tenho consciência que, eu sendo médico, a cobrança na área da saúde que é uma cobrança não só no nível de Bauru, é uma cobrança nível nacional e nós vamos ter que privilegiar e dar prioridades para esta área. Eu sendo médico, temos também, na mesma coligação, um deputado estadual que também é médico que é o Pedro Tobias. Nós temos também o governador Geraldo Alckmin que também é médico e eu acredito que dispostos dos conhecimentos técnicos que nós temos eu tenho condições de levantar os indicadores técnicos da cidade e mostrar para o governador que Bauru precisa muito mais de investimentos na área da saúde do que já tem hoje. Então existe uma série, que está no nosso plano de governo, de medidas que eu coloco isto como prioridade. Nós temos as medidas que o município pode agir e nós temos as medidas que, o prefeito, quando autoridade maior do município, pode chamar para discussão as autoridades máximas do Estado, no caso os deputados como Pedro Tobias e o governador Geraldo Alckmin.
Giuliano Tamura: Candidato, no seu plano de governo que nós lemos com bastante vagar tem uma promessa da criação do Hospital do Idoso. Como o senhor consegue fazer uma promessa desta envergadura em um momento que a gente sabe que os gastos estão apertados e os governos têm uma tendência a cortar gastos? Como o senhor acha que vai ser possível?
Raul Gonçalves de Paula: As promessas todas que estamos fazendo são promessas calcadas em situações que nós temos certeza que a gente consegue realiza-las. Por exemplo, todo mundo é de conhecimento público que o Hospital Manoel de Abreu foi fechado neste momento para fazer uma reforma. Esta reforma vai gastar cerca de R$ 60 milhões e está ainda na fase de planejamentos técnicos do que vai acontecer e está programado para ser um hospital de retaguarda, o Hospital de Base. Este é o momento, por isso que eu digo, um prefeito médico tem condições de chegar agora no governador e dizer que Bauru vai ter exatamente daqui quatro anos 84 mil pessoas com mais de 60 anos de idade e isso significa, gente, que nós vamos sair da população de 15% de idosos na cidade e saltar para 23%. Isto é padrão europeu. E as doenças que incidem em pacientes idosos são doenças que vêm para ficar. Um paciente que sofre um infarto, sofre um AVC, às vezes tem uma sequela. Um paciente que tem broncopneumonia leva tempo e precisa ser internado um pouquinho mais. Se tem Alzheimer, se tem artrite reumatoide. Para vocês terem uma ideia, a décima patologia que mais incide no idoso está na minha área, que é a catarata. Quanta gente está na fila para cirurgia de catarata no município? Desta forma, nós poderemos sensibilizar o governador através destes indicadores técnicos e transformar o Hospital Manoel de Abreu em um hospital de retaguarda, sim, mas para os nossos pacientes idosos. Com todos os planos para o paciente idoso tanto do sexo masculino quanto do sexo feminino. Próstata. Quem é que não vai ter problema de próstata no futuro? Todos nós teremos. Catarata. Todos teremos, basta vivermos. A mulher também com seu câncer de mama. Então nós temos condições agora de sentar, que nós temos o aval do deputado Pedro Tobias, sentar com os indicadores técnicos e transformar isso em uma realidade porque o dinheiro já está reservado para isso e já vai ser feita a reforma. O que nós queremos é adaptar a reforma à nossa necessidade.
Evandro Cini: Candidato, a gente vai falar um pouco agora sobre água e o Departamento de Água e Esgoto (DAE) que esteve em polêmicas nestes últimos dias por causa de declarações do ex-presidente do DAE de que os grandes devedores estariam sendo cobrados por força política. Na sua administração, caso o senhor seja eleito, o senhor pretende cobrar os grandes devedores e de que forma?
Raul Gonçalves Paula: Não é só no DAE. Dívida ativa do município tem que ser cobrada, agora o que precisa realmente ver é aquilo que é real. Lá na Câmara Municipal a gente viu muito isso. O grande devedor deste item mesmo, a água, que estão falando por aí está exatamente na Unesp. Quer dizer, o poço é da Unesp, ela fornece água para toda a região mas está instalado errado o medidor. Você tem que colocar um medidor ali do consumo da Unesp e cobrar só o consumo da Unesp e não aquilo que sai para o resto da população. Então acaba lançando uma dívida dessas dentro do sistema e depois para você resolver isso vai dar um “embrolho” danado que tem que ser feito depois a nível de Câmara Municipal. A prefeitura tem que se modernizar, aplicar as cobranças certas às pessoas que são devedoras e as pessoas vão pagar. O grande problema hoje é que a prefeitura às vezes faz cobrança dupla. Já aconteceu comigo, já aconteceu com você, com certeza. Tem gente que tem vazamento de água e está fora do cavalete e a conta cai para o munícipe. Outro dia mesmo nós tivemos um munícipe, o pessoal foi trocar o relógio da casa dele, danificaram o cano dele lá embaixo e a conta veio alta. E quem fez o problema? Era o conserto do DAE. Este lançamento das dívidas tem que ser mais elaborado para não acontecer da gente achar que tem um número grande para receber e este número ser bem inferior. Agora, quem deve paga a conta. Quem não pagar, as medidas cabíveis são tomadas pela prefeitura.
Giuliano Tamura: Candidato, eu queria aproveitar a presença do senhor para falar um pouquinho de educação. No plano de governo do senhor, o senhor propõe que os alunos do 1º ao 5º ano tenham aulas em período integral. O senhor tem noção de quanto isto custaria a mais para o município e quantos alunos estariam nesta condição?
Raul Gonçalves Paula: Não custaria absolutamente nada. Nada para o município porque o que nós gostaríamos de fazer é uma integração para que o aluno fique na escola no período integral, então nós vamos fazer o que? O período da manhã nós aumentamos a grade de conteúdo, então ele vai ter mais matemática, mais biologia e tal. Isto no período da manhã. No período da tarde você vai poder integrar as outras secretarias em uma parceria. A Secretaria de Esportes, Lazer, Cultura, Saúde também poderia estar sendo realizado no período da tarde. O importante é que a criança não fique vagando, então a queixa grande das mães nesta andança da campanha é que elas precisam trabalhar e os filhos ficam só um período na escola e no outro período ela não tem com quem deixar.
Evandro Cini: Candidato, já calculou os investimentos para isso?
Raul Gonçalves Paula: Os investimentos são feito assim, por exemplo, o Estado cedeu por questão de habitantes na cidade de Bauru, sete creches para o município de Bauru. Para Lençóis Paulista são três e Lençóis Paulista já está inaugurando sua terceira creche. Nós aqui em Bauru demos, sequer, as áreas do Estado. Sete creches e a população precisando por aí de vagas em creche. A pessoa vai na Justiça, a Justiça emite uma liminar para colocar a criança e aí a professora, coitada, tem que colocar mais um “puxãozinho” e as crianças começam a ficar em um depósito de gente. Então é assim que tem que ser feito. Nós temos que adequar e as regiões que estão precisando de mais uma creche, nós não podemos nos dar ao luxo de dispensarmos uma creche doada pelo Estado. Ela vem inteirinha, pronta, e o que o município tem que fazer? Apenas fornecer o terreno. Estas coisas no meu governo não vão acontecer. Não vai haver picuinha de área nenhuma. Nós vamos buscar isso a nível federal, a nível estadual, onde tiver recursos nós vamos buscar. Então isso não custa porque o Estado dá. Faz parte da programação do Estado. Nós é que estamos perdendo o bonde da história.
Evandro Cini: O que o senhor pretende fazer dentro do seu plano de governo caso seja eleito para acabar com as ruas que não têm asfalto nenhum e para melhorar as avenidas e ruas de Bauru por onde muitos motoristas passam?
Raul Gonçalves Paula: Muito bem. Nós temos uma aprovação do parque asfalto do município que foi feito pela Câmara municipal. São 38 milhões de reais e está começando a ser realizado em alguns bairros da cidade. Vamos manter isso. Terminar as 700 quadras e com recursos próprios, bairros como Santa Cândida que ficaram vinte esquadras para trás, eu não consegui entender isso, você sai com uma programação para um bairro e deixa quadras para trás. Na Vila São Paulo, por exemplo, você vê as quadras chegando na marginal e 100 metros sem asfaltar. Aquilo cria um transtorno enorme para a população. Nós vamos fazer isso com recurso próprio. E você fazendo economias dentro do município, sabendo onde gastar o dinheiro nós temos condição de fazer asfalto com qualidade. E já fiz levantamento no DAE um tempo atrás e eu pedi os últimos dois anos aonde existiam os vazamentos de água. Por exemplo, a pessoa liga para o DAE e fala está vazando água na minha rua. Aquilo é anotado. Eu pedia que levantamento dos últimos dois anos. O que eu percebi? Existem ruas, no Mary Dota, no Bush, que essas ruas chegam a ter mais de 15 vazamentos nos seus trajetos de quatro, cinco quadras. Você não pode querer recapear uma rua dessa com uma incidência de vazamento de água nessa proporção. A você tem o primeiro acionar o DAE, as Secretarias não podem trabalhar desconectados dessa forma. Você aciona o DAE e ele faz o trabalho dele e depois a gente faz o recape. Está mais do que provado cientificamente que você precisa ter uma gestão do nosso asfalto. Cuta R$50.000 fazer uma quadra de assalto. É um patrimônio isso. Nós não podemos perder deixando que o DAE faça um trabalho de manutenção e depois não consegue fazer o trabalho do mesmo gabarito que foi feita a manutenção em termos de tampar o buraco. Isso faz um fenômeno chamado solapamento, a água entra por dentro do asfalto, vai fazer uma depressão enorme, que é o que vocês estão vendo pelas ruas da cidade. Então isso tem que ter um gerenciamento. Plano de gerenciamento. Se você ao invés de tapar o buraco, fizer uma camada de 1 cm de asfalto em cima de uma região dessa, esse asfalto vai durar mais de seis anos a mais que o normal.
Giuliano Tamura: No seu plano em relação esporte e lazer o senhor proponha a construção de uma arena multi uso com capacidade para 7 mil pessoas. A gente imagina que seja uma obra cara. Vai ter condições de fazer caso seja eleito?
Raul Gonçalves Paula: A gente tem que ter continuidade nos projetos da cidade. Não é porque começou uma coisa no projeto você vai tocar isso para frente. O ex-secretário de esportes da cidade Roger Barude iniciou esse processo, teve a aprovação para fazer os projeto pela Secretaria, esse projeto já está pronto. Que a gente tem que fazer agora? Com o projeto pronto como tudo que pode acontecer nas cidades o projeto tem que entrar na Secretaria de Esportes. Quer seja no estado ou na federação. Essa é uma obra que para ser realizado os nossos recursos serão difíceis de ser realizados, mas temos que ter projetos. Perdemos muita coisa para ser realizada em Bauru por falta de projetos. Temos que fazer Instituto de Planejamento em Bauru para que tenhamos projetos, nós fazemos os projetos e apresentamos nas Secretarias. O dinheiro não cai do céu. A federação só dá dinheiro quando se apresenta projeto baseado numa portaria. Existem regras para se receber dinheiro e esse é uma. Temos que estar com o projeto pronto para fazer o que o projeto está pronto e agora são as incursões políticas para adquirir as verbas para ser isso.
Evandro Cini: Vamos falar um pouco sobre descarte de lixo. Qual sua proposta para resolver essa situação da questão do lixo que já não cabe mais no atual aterro e que precisa de um descarte correto para evitar multas também dos órgãos que cobram isso, que fiscalizam esse tipo de situação.
Raul Gonçalves Paula: Na verdade nosso aterro já foi descartado, praticamente está fechado. A Prefeitura não conseguiu nos últimos dois anos ter velocidade suficiente para licenciar um novo aterro e estão depositando nosso lixo em Piratininga. Falo para vocês, que se não é a Câmara municipal, a prefeitura estaria pagando quase R$200, R$ 170 a tonelada de lixo. Hoje está pagando R$83 por causa da Câmara municipal que bateu em cima desse fato. Mas a verdade que o lixo pode ser transformado em energia elétrica. O que nós temos que fazer é uma usina de tratamento desse lixo. Existem várias aqui no país e se é possível, porque ela é plausível, temos que dar sustentação das pessoas que vão trabalhar esse lixo reciclável e nós temos que otimizar esse processo. Hoje estamos apenas com quatro cooperativas na cidade. Não passa de 3% a gente conseguir fazer a captação de nossos recicláveis e isso pode ser resolvido com uma medida simples dessa. Hoje nós pagamos a taxa de iluminação pública da cidade. Se nós produzimos gás metano que sai de uma usina tratamento de lixo, o gerador ligado a ela e produzindo essa energia elétrica, nós teríamos condições de abater tudo isso por crédito e ainda sobraria dinheiro. R$ 14 milhões, divididos por R$ 50.000 você vai ver quanta quadra de asfalto poderia chegar na sua casa com uma simples medida dessa.
Giuliano Tamura: O que o senhor propõe para atrair mais empresas e criar novos postos de trabalho?
Raul G onçalves Paula:Primei ramente nós tivemos que em 2014 fecharam 508 indústrias. Nesse ano foram mais de 1600. Nós não estamos cuidando vem daquilo que é nosso. Estamos perdendo nossa própria capacidade de investimento com as pequenas. Nós temos que ter os micro distritos. A prefeitura tem que parar de criar problemas para nosso munícipe que quer montar sua empresa. Sempre digo seguinte: quem quer montar empresa na cidade de cara encontra três sócios: o município cobrando taxas, o estado cobrando suas taxas e federação cobrando taxas.
Evandro Cini: Agora o senhor tem 30 segundos para as suas considerações finais.
Raul Gonçalves Paula: Eu gostaria de pedir para a população um voto de confiança. Eu sou bauruense, tenho meus filhos aqui, como já falei. Quero ter meus netos aqui. Já tem aqui enterrados na minha cidade meu pai e meu irmão. Então não vou sair daqui. Nasci aqui, tenho certeza que vou morrer aqui. Gostaria que antes que isso acontecesse eu pudesse ter a chance e o voto de confiança de vocês para transformar essa cidade uma cidade mais bela. Os nossos fundos de vale podem ser essa beleza natural.
Fonte : G1