Dois principais sistemas de monitoramento e sensoriamento remoto de desmatamento e degradação florestal do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) podem chegar ao fim. O Deter, que gera alertas de desmatamento quase em tempo real, tem verbas para funcionar apenas até o fim de agosto, e o Prodes, o inventário anual da perda de vegetação nativa, até dezembro.
Em meio a essa situação crítica o fim do monitoramento no Cerrado põe em risco não apenas a integridade da vegetação nativa como também do suprimento de água do Brasil, tendo em vista que o cerrado abriga oito das 12 regiões hidrográficas do Brasil, com nascentes de importantes rios, como São Francisco, Araguaia, Parnaíba, Xingu e Jequitinhonha. Com isso, os deputados federais, professor Israel Batista (PV-DF), Célio Studart (PV-CE) e Rodrigo Agostinho (PSB-SP), entraram com um requerimento de informações ao Ministro do Meio Ambiente a fim de esclarecer a sociedade quanto às providências administrativas tomadas para a manutenção do DETER e PRODES.
No requerimento, eles evidenciam também os impactos negativo, visto que alcança também a credibilidade no mercado o que traz efeitos negativos para economia como um todo, em especial a porção relacionada à exportação de produtos agropecuários que passariam a ser considerados potencialmente vinculados ao desmatamento, uma vez que não seria possível provar o contrário, devido a ausência de dados e informações para a rastreabilidade dos fornecedores.
Só em 2020, o Cerrado perdeu 7.340 km2 de vegetação nativa, um aumento de 13,6% em relação a 2019, quando foram desmatados 6.483 km2, segundo os dados do Prodes. A soja foi o principal propulsor dessa devastação, convertendo 2.078 km2 de savana em lavoura em 2020, o equivalente a 28,3% da área total desmatada.