Com 36,8% de famílias pobres, a região só recebeu 3% dos novos benefícios em janeiro
O deputado Célio Studart (PV-CE) apresentou nesta terça-feira (10) requerimento de informação solicitando esclarecimentos ao ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, sobre distorções envolvendo o cadastros de novas famílias no Programa Bolsa Família. De acordo com a reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, o Nordeste recebeu apenas 3% dos novos benefícios, enquanto Sul e Sudeste alcançaram 75% das novas concessões.
Ainda segundo a matéria, em janeiro deste ano o governo incluiu no programa mais 100 mil famílias que estavam à espera do benefício. Desse total, 45,7 mil delas no Sudeste, 29,3 mil no Sul, 15 mil no Centro- Oeste e 6,6 mil no Norte. O Nordeste recebeu apenas pouco mais de 3 mil novos benefícios, embora concentre 36,8% das famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza na fila de espera do benefício.
Em seu requerimento, Célio lembra que justamente por apresentarem maiores índices de pobreza, as famílias dessas regiões demostram maior dependência do Programa. Estados das regiões Norte e Nordeste receberam 66,7% do total de dinheiro gasto com o Bolsa Família em todo o país em julho de 2017. Dentro desse contexto, em 2018, o Bolsa Família foi responsável pelo sustento de mais de 1/3 das famílias das regiões Norte e Nordeste.
Para se ter uma noção da desproporcionalidade, o estado com a menor taxa de pobreza da federação, Santa Catarina, recebeu o dobro de novos benefícios do toda a região Nordeste, que tem uma população oito vezes maior. O parlamentar considera espantoso notar que, em situação de pobreza muito pior em relação à média nacional, regiões mais pobres do Brasil estão sendo praticamente ignoradas nas concessões de novas inscrições.
“Queremos saber com clareza quais os critérios adotados para essa seleção, já que o percentual da população que mais precisa ficou de fora. O Bolsa Família não é para atender aos que mais precisam? É dever do Estado combater a miséria e garantir uma vida digna a nossa população”, cobra Célio.
O ministro da Cidadania terá 30 dias, a contar da data de recebimento, para responder aos esclarecimentos, sob pena de cometimento de crime de responsabilidade.