O governo mantém relação estreita com a FPA e intensificou as conversas mirando a composição da base para o pós-Previdência
A demissão do agrônomo Sebastião Barbosa da Presidência da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é um aceno à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, não admite isso oficialmente, mas a exoneração atende à bancada ruralista — que pediu um choque de gestão rápido e urgente no agronegócio nacional — e ao presidente Jair Bolsonaro, defensor de uma “repotencialização” no órgão.
O governo mantém relação estreita com a FPA e intensificou as conversas mirando a composição da base para o pós-Previdência. A cúpula da bancada ruralista é integrada por nomes do alto e médio cleros de alguns dos partidos mais influentes no Congresso. O Planalto sabe que bancadas temáticas não garantem voto, mas, ao mesmo tempo, tem consciência de que precisará do apoio de alguns desses membros para costurar uma sustentação política dentro de suas legendas.
A cúpula da FPA se reuniu com Tereza Cristina, Bolsonaro e o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, nas últimas duas semanas. A pauta não se referia a indicações políticas como contrapartida para apoiar o Planalto, mas, sim, em mudanças na gestão do agronegócio. Do Ministério da Agricultura à Embrapa. “A ministra foi avisada de que, ou ela começa a quebrar e expor os atuais problemas e as dificuldades no setor, ou ficará fragilizada e não nos atenderá. O recado, pelo visto, foi bem ouvido. A mudança na Embrapa nos atende”, declarou um parlamentar da bancada ruralista.
Os ruralistas identificam que, diferentemente do que ocorre em outras pastas, Tereza Cristina não tem o mesmo poder que outros ministros para impor sua agenda e programas. “E não é nem culpa dela, não. Ela está presa à burocracia do sistema fitossanitário. Mas avisamos que não dá para continuar do jeito que está. É preciso modernizar e impor um modelo moderno de gestão no setor, principalmente na Embrapa, para produzir e entregar mais”, acrescentou o congressista.
Dois nomes fortes estão sobre a mesa da ministra. O do chefe da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, uma indicação da FPA, e o do agrônomo Vinicius Lages, ex-ministro do Turismo e gerente de Relações Institucionais do Sebrae. Por enquanto, a Presidência do órgão será conduzida interinamente pelo diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da estatal, Celso Luiz Moretti.
A ministra nega a intenção de indicar um general para a Embrapa e manifestou que a ideia é promover uma seleção pública para bater o martelo sobre o próximo dirigente. “Vamos fazer uma sugestão de nomes e, não necessariamente, será um pesquisador da Embrapa. Pode ser e pode não ser”, afirmou. (RC)
Fonte: Correio Braziliense