Eduardo Jorge
Um dos pontos mais revolucionários na plataforma do Partido Verde (PV) é a necessidade da superação da hegemonia da cultura da guerra, da violência, pela hegemonia da cultura de paz nas nossas relações políticas, sociais, pessoais, no trabalho, na relação com a natureza e com as outras espécies e seres vivos.
É esta convicção profunda que nos permite reagir imediatamente e com segurança diante de episódios como aquele lamentável coro de xingamentos, de palavras de baixo calão no jogo Brasil x Croácia no estádio de Itaquera/Corinthians.
Prontamente colocamos no site PV/facebook PV uma nota que em síntese dizia: a presidenta errou ao se esconder no camarote vip emudecida com medo de vaias e não representar nosso país com uma declaração de abertura em evento esportivo mundial da importância da Copa do Mundo.
A vaia é algo que qualquer político ou jogador de futebol sabe que pode e deve tolerar a qualquer momento. Por outro lado, o comportamento da torcida, extrapolando a vaia com agressões verbais, é violência. Psíquica e quase física. É manifestação de cultura de guerra que precisamos superar no nosso dia a dia. Brutalidade inaceitável e que deve ser severamente condenada, o que fizemos expressando inclusive, nesse aspecto, uma solidariedade publica à presidenta.
Não foi este o comportamento dos candidatos Eduardo Campos e Aécio Neves. Numa atitude que mostra que continuam conduzidos pela cultura de guerra, flertaram abertamente com a violência das agressões verbais ditadas no estádio. Só depois, com a repercussão negativa, e de olho no voto, é que voltaram atrás. Lamentável…e preocupante.
No fundo deste embate está um comportamento dos nossos partidos políticos maiores e particularmente do ex-presidente Lula de estimular, de surfar, de se aproveitar politicamente o tempo todo dos sentimentos de ressentimento, preconceito e ódio entre as classes e setores sociais brasileiros.
Esse comportamento nefasto está envenenando o ambiente político e social do Brasil. Arrisco a dizer até que parte da crise de criminalidade violenta que vivemos é decorrente desta guerra classista estimulada irresponsavelmente por lideranças políticas nacionais. Eu acuso. É como se a antiga luta de classes e violência revolucionária e contra revolucionária se transplantassem para outros ambientes de forma a justificar psicologicamente atos bárbaros e criminosos que assistimos diariamente no Brasil.
O PV quer distância destas atitudes, muito comuns no século XX e que levaram o mundo a várias tragédias nacionais e internacionais. O PV é pelo debate, pela disputa aberta de ideias e ideais, pela resolução dos conflitos usando os meios de diálogo, da mediação e da democracia.
“Deus está onde o amor está” (Tolstoi)