É impossível não estar contaminado pelo futebol durante a Copa do Mundo, especialmente quando é no Brasil. Não sei quando começou, mas durante toda minha caminhada a bola esteve muito próxima do meu universo, emocional e fisicamente. Arrisco dizer que o futebol é o assunto que mais entendo.
Passei a maior parte da minha juventude jogando bola com os amigos em campos improvisados. Lembro de várias jornadas sob intenso temporal onde a graça eram as escorregadas na lama, produzindo espetaculares acrobacias. Também são inesquecíveis as peladas que joguei com os Novos Baianos, organizadas pelo Eufrázio, o conhecido Gato Felix, dançarino da banda. Aqui, já em São Paulo, descobrimos um campinho na rua Manduri onde, sob a orientação do meu compadre Rubinho, fizemos grandes peladas.
Posteriormente, parti para os campos da Usp, onde tive oportunidade de levar vários amigos da Vila Madalena, além de Belchior e Tiago Araripe, extraordinários pernas de pau. Eu não era um Afonsinho – o craque do Santos e Botafogo, nascido em Jaú, com quem joguei algumas vezes e foi de longe o melhor que eu vi pessoalmente –, mas era reconhecido por ter uma certa intimidade com a bola.
E hoje, afastado definitivamente dos campos, continuo telespectador assíduo de jogos, especialmente do Corinthians e do Bahia, e um comentarista reservado desse esporte. Na Câmara Federal, entre uma votação e outra, troco impressões sobre os acontecimentos da rodada com o Deley, deputado e ex-jogador. Ele tem opiniões muito pessimistas sobre o futuro do nosso futebol. Afirma categoricamente que, desde que começou a hegemonia dos gaúchos no comando técnico, o futebol força matou a criatividade.
E a pergunta é sempre a mesma: vamos ou não ganhar Copa? Eu respondo, ao observar o Campeonato Brasileiro, que não estamos jogando nada. Mas esta é uma seleção internacional, tirada dos melhores times do mundo. Se tiver tempo deles se entenderem e falarem a mesma língua, pode até ser campeã.