Na recente visita do Papa, que deitou falação no intuito de revisar a velha imagem de poder do sumo pontífice, aproximando do que deve ser uma autoridade nos dias de hoje – despojada, corajosa e falando sobre tudo sem rodeios –, ele nos deixou uma lição. Poderia ficar calado distribuindo suas bênçãos, mas não. Falou, reconhecendo os escândalos do banco do Vaticano, das questões da homoafetividade e defendeu o caráter libertário da juventude.
Não é apenas sobre o Papa que quero falar, mas sobre o hábito de calar diante das circunstâncias. Lembro que, nos anos que antecederam as manifestações de hoje, o abatimento social, quedado sobretudo, gerava impotência na crítica e grande tranquilidade nos poderosos. Mesmo diante dos erros terríveis cometidos na gestão da política econômica, como premiar o transporte individual (indústria automobilística) e, na política social, ficando no assistencialismo do Bolsa Família e do Minha casa, minha vida. Para citar alguns.
Calar é consentir, diz o ditado. Mas, na tradução da lei Vampeta, pode ser fingir, quando disse na sua passagem pelo Flamengo: ”Eles fingem que pagam e eu finjo que jogo. Tudo certo”. Já para a justiça, calar é um direito diante da acusação, mas e não havendo acusação? Pode ter havido um erro na nossa educação. Ainda ouço as tias dizendo, impacientes, quando conversávamos animadamente: “CALADO !”
O fato é que tudo melhorou depois que muitos resolveram falar. Que as ruas falaram, levando um ruído demolidor aos palácios e câmaras, às chefias dos gabinetes públicos ou privados. E o sonho de um País melhor turbinou a sociedade. Por que não falamos antes? Quem cala só mente. Mente para si. E mente para todo mundo.
Fonte : www.deputadopenna.com.br