A poluição sonora é o excesso de ruído que afeta a saúde física e mental da população e pode causar doenças como o estresse e insônia, mas não afeta somente os seres humanos. Afeta também a vida animal e vegetal como a comunicação dos pássaros, a mudança da ação de agentes polinizadores para as plantas e tira a atenção de certos peixes na presença de predadores. Além disso, há o agravante de que a sociedade está ficando cada vez mais barulhenta.
Para as pessoas os principais efeitos a longo e médio prazo são: problemas de cognição, distúrbios de sono, cardiovasculares, mentais e psicológicos, como a depressão, a ansiedade, além dos já citados estresse e insônia. Mas não são só os humanos que sentem as consequência do excesso de ruído, a poluição sonora causa transtornos também para a vida de animais e plantas. Segundo o Nexo, o trabalho publicado na revista ‘Nature’ e encabeçado pela ecologista acústica da Universidade do Estado do Colorado, Rachel Buxton, mostra que a maioria das áreas verdes protegidas nos Estados Unidos está sob efeito o dobro do barulho permitido.
A cacofonia desgovernada afeta diretamente a vida animal. Por exemplo, Rachel Buxton cita o efeito na comunicação entre pássaros referindo-se aos locais com o dobro do som normal: “Se você está acostumado a ouvir o canto de um pássaro a uma distância de 30 metros, agora, você só consegue ouvir a 15 metros’’, diz. No caso, das áreas dez vezes mais ruidosas o ouvinte teria de estar a menos de três metros.
Já as plantas, o barulho pode fazer com que animais polinizadores como abelhas, borboletas e aves ou aqueles que se alimentam de vegetais (e acabam espalhando suas sementes) mudem suas rotas, assim alterando o habitat apropriado para o desenvolvimento da vegetação.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, as dez cidades com a maior poluição sonora são:
1º – Guangzhou, China;
2º – Deli, Índia;
3º – Cairo, Egito;
4º – Mumbai, Índia;
5º – Istambul, Turquia;
6º – Pequim, China;
7º – Barcelona, Espanha;
8º – Cidade do México, México;
9º – Paris, França;
10º – Buenos Aires, Argentina.
O barulho dos oceanos
Com o crescimento desordenado das cidades a poluição sonora tende a aumentar ainda mais e este processo acelera o desaparecimento de áreas silenciosas no mundo. Esta situação não se restringe à vida animal e vegetal terrestre.
Nos oceanos, muitos acham que tudo é completamente silencioso, mas a verdade é que há bastante barulho no fundo do mar. Se já não bastasse à contaminação dos plásticos e os derramamentos de petróleo existe também a poluição sonora. Os sons dos oceanos são naturais, mas hoje estão dez vezes maiores do que em meados do século XX. Apesar de serem naturais, o homem tem a sua parcela de culpa no aumento do volume. Com as novas tecnologias de navegação e de pesquisas sísmicas, o barulho no fundo do mar só cresce.
Os peixes são os que mais sofrem com o aumento do som nos oceanos. De acordo com a Super Interessante, cientistas da Universidade de Newcastle, Reino Unido, mediram os níveis de estresse do robalo europeu enquanto replicavam os tipos de sons emitidos por perfurações para exploração de petróleo e construção de outros projetos marinhos. Os peixes ficavam extremamente ansiosos e perturbados com os sons. Além disso, constatou-se que eles também ficam mais vulneráveis ao ataque de predadores. Os resultados foram publicados na revista Marine Pollution Bulletin e sugeriram que os peixes ficaram menos atentos ao que se passa ao seu redor quando ruídos altos invadem seu ambiente.
Leis brasileiras
De acordo com o Nexo, no Brasil não há legislação federal específica sobre poluição sonora, embora seja entendido como passível de punição quem: ‘’causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana’’ (Lei de Crimes Ambientais, nº 9605/98).
Contudo, há padrões determinados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que apontam os limites de ruído por tipo de área na cidade (residencial, comercial, industrial, etc) e horário. Por exemplo, áreas rurais tem limite de 40 decibéis no período diurno e 35 no período noturno, enquanto que áreas industriais tem limite de 70 decibéis no período diurno e 60 no período noturno.
Fontes: Toda Matéria, Nexo, Ecycle, Deviante, Fórum Econômico Mundial, Pensamento Verde, Super Interessante, Marine Pollution Bulletin, Lei de Crimes Ambientais e Associação Brasileira de Normas Técnicas.
ASCOM PV