A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável realizou audiência pública na quarta-feira, 22, para debater a situação da energia nuclear pós Rio+20. O debate foi proposto pelo deputado Penna (PV-SP), presidente da Comissão.
O parlamentar destacou que o desastre com a usina nuclear de Fukushima, no Japão, tem sido um exemplo mundial de como a energia nuclear é insegura. “Casos como esse foram amplamente debatidos na Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20. Há um consenso entre técnicos, especialistas, estudiosos e ambientalistas que a geração de energia por fonte nuclear tem os seus dias contados”, afirmou o deputado.
Penna entende que o resultado final da Rio+20 foi considerado pífio por muitos, mas que a reunião paralela mostrou que a sociedade civil está organizada e exigindo mudanças precisas. “Uma delas é quanto ao Programa Nuclear Brasileiro. Se vários países do mundo repensaram seus programas após Fukushima, por que o Brasil insiste em usinas nucleares, que são caras, inseguras, perigosas e ultrapassadas?”, questionou.
Ademar Kyotoshi Sato, monge budista e estudioso do tema, ao relatar suas três visitas à Fukushima, após a tragédia, disse que ficou impressionado com o profundo estado de angústia e inquietação da população. “Era evidente a desconfiança das pessoas em relação às informações governamentais e institucionais, quando estas tentavam, inutilmente, enaltecer a segurança e excelência da energia nuclear”, disse.
Estima-se que 160 mil pessoas se refugiaram em outras regiões. Entretanto, pesquisas recentes mostram que 30% dos habitantes evacuados não querem retornar à zona contaminada, porcentagem que sobe a 50% quando se trata de pessoas com menos de 34 anos. Motivos: dificuldades de saneamento (83%); inquietação quanto ao nível proposto de segurança (66%) e desconfiança em relação à ajuda prometida (61%).
Ademar Kiotoshi também destacou o alto custo da segurança requerida na questão nuclear, principalmente quando se trata do manuseio e armazenamento de matérias primas letais (uranio, xênon, crípton e césio) e da construção, instalação e manutenção do reator nuclear.
Participaram da audiência o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e representante da Articulação Antinuclear Brasileira, Heitor Scalambrini; a procuradora da República e coordenadora do Grupo de Trabalho Energia Nuclear da 4ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (MPF), Gisele Elias de Lima Porto Leite; o monge budista e estudioso do tema, Ademar Kyotoshi Sato; e o Secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho.
Fonte ; Bancada Verde