Brumadinho ficou de fora da lista. Desastre deixou ao menos 60 mortos.
Qual é o risco de que uma nova tragédia como as de Mariana e de Brumadinho ocorra no Brasil? Um relatório da ANA (Agência Nacional de Águas) divulgado em novembro apontou pelo menos 45 barragens em todo o País foram consideradas vulneráveis e podem apresentar risco de rompimento.
O que torna o número mais assombroso ainda, no entanto, é que a barragem da Mina do Feijão, que se rompeu na última sexta-feira (25), deixando ao menos 60 mortos – e cerca de 300 desaparecidos – não estava na lista das barragens sob risco.
A maioria das barragens com “algum comprometimento estrutural importante” está localizada na região Nordeste, em estados como Alagoas e Bahia.
Entre elas, há barragens de rejeitos de mineração, mas também reservatórios de água de hidrelétricas ou para irrigação.
No relatório, há detalhamentos como “estruturas comprometidas e parcialmente inoperantes”, “fissuras”e “trincas” – e estimativas de valores para a recuperação, que vão de R$ 150 mil a R$ 40 milhões, no caso da barragem de Jucazinho, em Pernambuco, do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS).
Em Minas Gerais, onde ocorreram os dois rompimentos anteriores, são listadas 5 barragens de rejeitos de minério – das empresas Namisa, Mundo Mineração e Topázio Imperial Mineração.
O Relatório de Segurança de Barragens, divulgado em novembro de 2018, com dados relativos a 2017, foi elaborado a partir de informações prestadas por órgãos fiscalizadores do setor.
“O objetivo era o de priorizar as barragens que mais apresentavam comprometimento de sua segurança, tanto para ações de fiscalização como para investimentos em manutenção e recuperação”, diz o documento.
De acordo com os técnicos, na maioria dos casos o problema é o baixo nível de conservação, mas há situações em que faltam documentos que comprovem a estabilidade da barragem.
O documento lista um total de 24.092 barragens de todos os tipos registradas no Brasil, para diferentes finalidades: represas, uso na agricultura, barragens de rejeitos de minérios ou industriais e barragens para geração de energia.
Outro dado trazido pelo relatório é que, das 24 mil barragens cadastradas pela ANA, 723 apresentam riscos de acidentes.
Brumadinho fora da lista
A barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho (MG) na última sexta-feira (25) não estava nessa lista, pois havia sido classificada como de baixo risco para acidentes.
Em nota enviada à imprensa na sexta, após o desastre, a ANA informou que, na ocasião, encaminhou formulário para a Agência Nacional de Mineração, que não apontou situação crítica no complexo de Brumadinho.
“Nesse questionário, a ANA perguntou quais barragens estariam em situação crítica, e a barragem rompida nesta sexta-feira não foi apontada como crítica pela Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pelas informações das barragens de rejeito de minério”, informou a agência.
Construída no início dos anos 1990 em um afluente do rio Paraopeba, na Bacia do Rio São Francisco, a barragem que se rompeu estava com a documentação em dia e, segundo a ANA, técnicos da Vale não encontraram indícios de problemas em vistoria realizada em dezembro.
Fonte: Huff Post Brasil