Marcelo Silva*
As manifestações de rua tiraram o Brasil da mesmice. De repente o povo acordou e foi para as ruas e praças protestar. Inicialmente em São Paulo motivado pelos vinte centavos de aumento nas passagens de ônibus.
Mas foi somente a gota dágua. Depois as manifestações se alastraram pelo país afora. As reivindicações são as mais diversas: melhores serviços públicos: educação, saúde, segurança, contra a PEC 37, a corrupção e o projeto cura gay, um poder judiciário justo e muitas outras. Também a contestação dos altos custos gastos pelos governos para a Copa do Mundo.
Recorro-me à Lei de Newton para justificar essa revolta popular: “A cada ação teremos uma reação”. A população não aceita mais a forma hegemônica dos três níveis de governo executivo que se se comportam como se fossem dono da verdade, cooptam políticos e partidos para massacrar as oposições. Daí a reação das pessoas à participação de partidos políticos nas manifestações.
Na verdade é como se vivêssemos em uma ditadura branca. Hoje no Brasil, tanto o governo federal, como os governos estaduais e municipais -estes em menor escala – tem ampla base partidária e dominam completamente o legislativo. Vale o “toma lá da cá”. No entanto, toda democracia requer uma oposição firme, contestadora e propositiva.
As políticas públicas são realizadas não para melhorar a vida das pessoas, mas para consolidar a permanência dos que estão hoje no poder. Não há uma sobreposição entre o que realizam os governos executivos e o que é prioritário para o cidadão comum para alcançar uma vida melhor.
Mais um ditado popular: tudo na vida tem limites. O povo por não se sentir representado pelos agentes políticos e partidos vai às ruas e faz essa oposição.
Na realidade a causa de todo este “status quo” é que nossas instituições políticas estão totalmente ultrapassadas. Elas são ainda resultado da Era Industrial que ditou este desenho institucional que não mais comporta a diversidade e complexidade da sociedade atual.
Faz-se urgente uma mudança radical na forma de fazer política e de governar o Brasil. Os partidos políticos precisam passar por grandes transformações para que possam se credenciar como intermediários autênticos da população nessa nossa democracia representativa.
No entanto, se depender do atual Congresso Nacional jamais a reforma política se consolidará, pois quem está no poder não vai querer mudar as regras pelas quais se elegeram.
Essa reforma somente será realizada com um conteúdo ideal para fazer as transformações que desejamos na política se for emanada de uma Constituinte. O povo elege os constituintes somente para fazer a reforma, depois, todos deverão ser destituídos. Aí sim teremos um novo Brasil. Reforma política já!
*Marcelo Silva é membro da executiva nacional do PV, presidente do PV no Ceará e presidente do Conselho Curador da Fundação Verde Herbert Daniel.