Human Rights Watch aponta silêncio do Brasil diante da candidatura da Venezuela para Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Brasil discursa contra a ditadura na Venezuela, mas quando pode fazer algo, se cala, segundo análise do presidente da HRW (Human Rights Watch), Kenneth Roth. Em visita ao Brasil, Roth ressaltou que agora, na véspera da eleição para o Conselho dos Direitos Humanos na ONU, é hora de o País agir, mas está em silêncio. Isto porque tanto o Brasil quanto a Venezuela são candidatos à reeleição para as duas vagas da América Latina no colegiado.
Segundo a HRW, o Brasil prometeu marcar posição contra a candidatura da Venezuela e em favor de uma terceira opção: a Costa Rica. Para Roth, no entanto, o Brasil resiste tem fazer essa campanha por não querer se prejudicar. “É muito fácil para o Brasil manter o discurso contra a Venezuela, não fazer nada, e garantir a vaga no conselho”, disse.
“Será que o governo Bolsonaro está amaciando sua relação com a Venezuela para manter sua vaga no Conselho? Espero que ele não tenha feito esse pacto com o diabo”, completou.
Se o Brasil não interfere, são dois países concorrendo a duas vagas, com possibilidade de serem automaticamente reeleitos. Se o governo brasileiro endossa a candidatura da Costa Rica e se opõe a Venezuela, são três países concorrendo por duas vagas.
No início deste mês, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, discursou contra a candidatura da Venezuela. Em evento no Itamaraty afirmou que a candidatura do país vizinho “é uma excrescência”. “Queremos a vaga para usar o conselho como plataforma para a busca da democracia e dos direitos humanos na Venezuela”, pontuou.
Roth tem esperança de que o Brasil ainda se posicione ao longo desta quarta-feira (16) contra a candidatura da Venezuela. “O governo fez uma promessa. Espero que cumpra”, disse.