Na próxima quarta-feira, 10 de abril, Jair Bolsonaro completará cem dias no cargo pressionado por uma queda recorde da aprovação de seu Governo na comparação com todos os demais presidentes brasileiros desde Fernando Collor (1990-1992). Os dados são do Datafolha, que mostram, como havia antecipado a pesquisa do Atlas Político publicada no EL PAÍS na quarta-feira, que a população está dividida em fatias praticamente equivalentes: 30% acham que o Governo é ruim ou péssimo, 32% acham bom ou ótimo, enquanto 33% consideram a gestão regular. Já nesta segunda-feira, outra pesquisa também do Datafolha apontou queda no otimismo dos brasileiros em relação à economia.
Com as cifras, Jair Bolsonaro tem o pior desempenho para um presidente em primeiro mandato desde a eleição de Collor, em 1989, de acordo com a série histórica do Datafolha. Após três meses no poder, Bolsonaro tem 30% de avaliação ruim ou péssimo, contra 19% de reprovação de Collor no mesmo período, 16% de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), 10% de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e 7% de Dilma Rousseff (2010-2016). A pesquisa do Datafolha ouviu presencialmente mais de 2.000 pessoas pelo país e tem margem de erro de dois pontos percentuais, —já o Atlas Político recruta seus entrevistados pela Internet, balizando amostra com parâmetros populacionais, como renda, idade e gênero.
Na análise de Mauro Paulino e Alessandro Janoni, ambos do Datafolha, parte da performance de Bolsonaro é fruto da intensa polarização de campanha, da qual o presidente herda, por exemplo, a baixa aprovação entre mulheres de maior escolaridade. Mas chama a atenção de ambos a queda de aprovação de Bolsonaro entre seus próprios eleitores —quase metade deles já não o consideram um presidente ótimo ou bom. A variável principal que explica a queda, dizem Paulino e Janoni, diz respeito à imagem de Bolsonaro, visto como alguém pouco preparado para o cargo, que “em nenhuma situação, se comporta como um presidente da República”.