— A Câmara está cumprindo os prazo regimentais, mas sabe que tem ruídos e, por enquanto, eu acho que não temos os 308 votos necessários. Agora, estou à disposição deles. Se é para conversar comigo, eu viro noite para conversar sem problema nenhum. Agora, a bola está com o Parlamento — disse.
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O presidente comentou a pressão de alguns partidos pela retirada de municípios e estados da proposta de emenda à Constituição.
Uma das alternativas em estudo pelo relator da reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP), é incluir na reforma apenas os servidores de estados mais endividados e com maior proporção de idosos .
— Há a ameaça na Câmara de tirarmos estados e municípios da reforma. Aí, prefeito chia. Governador chia. Porque o prefeito teria dificuldade de impor as mesmas regras que estamos impondo para servidores públicos para seu servidor municipal. Estou supondo. Porque todos se conhecem. Vereador é tio, compadre, de todo mundo da cidade. Complica a situação dele — disse Bolsonaro.
Para ele, portanto, há incoerência na pressão de deputados pela retirada:
— Eles (governadores e prefeitos) querem que nós votemos aqui, mas os deputados que representam estados e municípios não querem botar o dedinho lá para sair que votou contra. Mas isso está amadurecendo. Mesmo os reticentes estão cedendo. E acho que vai ser aprovada.
Mudança de opinião
O presidente disse que passou a apoiar a reforma da Previdência após assumir o cargo e ter acesso aos números do Orçamento do país. Em tom otimista sobre a tramitação da proposta, o Bolsonaro disse que a “bola está com o Congresso”, que está disposto a dialogar e que os deputados estão se conscientizando, ainda não tenha ainda os 308 votos necessários para aprovar o texto.
— Eu tive acesso a números que eu não tinha.Lamento. Mas não temos caixa. Se nós não revermos agora, daqui a dois três anos essa senhora pode ir buscar o salário dela e não ter dinheiro no caixa — disse o presidente, ao explicar sua mudança de posição.
Bolsonaro afirmou que junto com a escolha dos ministros do seu governo, considera a reforma da previdência com uma das medidas mais importantes do seu mandato. Para o presidente, o país e está “sem alternativa” e, se fizer o “dever de casa” aprovando a reforma, a tendência é que o Brasil receba investimentos para alavancar a economia.
— O mundo está com fluidez de recursos. Ninguém investe em quem está desequilibrado e numa situação complicada como a nossa. Se fizemos o dever de casa, o recurso vem — disse o presidente.
Questionado sobre a viabilidade de o Congresso discutir agora umareforma tributária , Bolsonaro disse que, mesmo com a Previdência, a Câmara poderia avançar em outros assuntos.
— Eu acho que dá para tocar. Por parte de alguns ministros, acham que devem esperar passar a Previdência. Mas são 594 parlamentares em Brasília. E 10% estão envolvidos na reforma. O restante, não digo que está ocioso, mas poderia fazer a reforma tributária, como começou a andar na CCJ uma reforma de um deputado de São Paulo . Outras propostas, como o pacote anticrime do Moro, poderia estar avançado — disse.
Fonte: O Globo