Após sofrer ataques terroristas, capital francesa entra na reta final para receber líderes mundiais durante a Cúpula do Clima, que vai debater os rumos ambientais do planeta
Paris – Líderes globais, chefes de Estado e um séquito de cientistas e ativistas ambientais se reunirão a partir do dia 30, em Paris, para colocar em discussão a situação da Terra, ameaçada por secas, elevação do nível do mar e movimentos migratórios massivos. Como planejado, e representando um desafio sem precedentes para os serviços de segurança após os ataques jihadistas de sexta-feira passada que abalaram o mundo, Paris torna-se a capital de um planeta determinado a evitar um desastre ecológico para as gerações futuras.
A última tentativa foi em 2009, em Copenhague, e terminou em fracasso devido à falta de acordo entre as partes. Desta vez, a conjunção de alerta planetário e vontade política podem favorecer um melhor resultado. “Há várias razões objetivas que podem fazer desta conferência um sucesso: o fenômeno piorou, a tomada de consciência avançou, o debate científico foi liquidado e China e Estados Unidos mudaram de posição”, diz o chanceler francês, Laurent Fabius.
Mais de uma centena de chefes de Estado ou de governo, de Barack Obama a Xi Jinping, passando por Dilma Rousseff e Evo Morales, participarão da Conferência das Partes da Convenção Quadro da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-21). Em Copenhague, os líderes mundiais chegaram ao fim da conferência e não conseguiram concordar. Em Paris foi decidido operar em sentido inverso: deixar que deem o impulso inicial ao inaugurar o evento e deixar depois que as negociações a nível técnico cheguem num bom patamar em 11 de dezembro.
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, disse que apesar da COP-21 ser mantida nessas datas, a conferência será reduzida à negociação. “Certos shows e manifestações mais festivas serão canceladas.” Cerca de 40 mil pessoas – entre representantes oficiais, ONGs e jornalistas – são esperadas numa cidade verde de 16 hectares montada para a ocasião em Le Bourget, no Norte de Paris. A meta é alcançar um acordo – de algum modo vinculante – para limitar as emissões de gases que resultam da atividade humana e provocam o efeito estufa, que aumenta perigosamente a temperatura do planeta e provoca fenômenos extremos.
Homo sapiens X natureza Segundo números da ONU, de 1970 a 2010, a população mundial duplicou, passando de 3,6 bilhões para 7 bilhões de pessoas, as emissões de carbono se aceleraram para totalizar 49 gigatoneladas de CO2 equivalente e a temperatura dos oceanos aumentou 0,11° C por década. E junto da proliferação de sua própria espécie, o Homo sapiens se dedicou a complicar a vida de todas as demais sobre a Terra.
Segundo um estudo da Universidade de Yale, o homem está derrubando anualmente cerca de 15 bilhões de árvores, um dos principais pulmões do planeta na hora de absorver o carbono. Entre 1970 e 2010, o número de animais selvagens, terrestres ou marinhos, caiu pela metade, segundo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF). Ao mesmo tempo, a atividade humana está deslocando espécies invasoras que alteram o equilíbrio ecológico global.
A tomada de consciência de todas essas ameaças e a impossibilidade de mudar-se para outro planeta deveria desempenhar um papel favorável a um acordo em Paris, embora nada esteja ganho de antemão. Primeiro porque os compromissos já adiantados por cada país, tomados em conta em seu conjunto, não alcançarão – segundo um relatório da ONU – para manter-se abaixo de 2°C de aquecimento global, o limite máximo estabelecido pelos cientistas para evitar consequências desastrosas.
Comparado ao nível da era pré-industrial no século 19, a atividade humana já fez aumentar a média global em 1° C. Significa que já percorremos metade do caminho rumo ao desastre. Para evitar o pior serão necessárias medidas mais drásticas e nesse sentido a COP-21 buscará estabelecer mecanismos de revisão regulares – fala-se em cada cinco anos – que permitam ganhar a batalha planetária contra a coluna de mercúrio. Isso implicará abandonar energias fósseis como o petróleo, o gás e o carvão – atualmente 80% da energia mundial – e passar a fontes limpas como a ENERGIA SOLAR, a biomassa ou a eólica.
Fonte: O Estado de Minas
Fonte: Bancada Verde