Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho, mais conhecido como Eduardo Jorge, tem 64 anos e é neto de paraibanos e baianos. Nascido em Salvador, Bahia, passou a infância e a juventude em João Pessoa, morando em uma praia pouco habitada, a 8 km da capital do estado. Tinha à disposição léguas de praias desertas e largas faixas de restinga preservadas, limitadas por falésias e rios.
Após 1958, o futebol era uma segunda religião, ponto de convergência igualitária de meninos de classe média e filhos de pescadores artesanais. Uma vez por mês chegavam de São Paulo livros e revistas para resolver a falta de oferta na cidade. Monteiro Lobato, Hércules, Alexandre, Fernão de Magalhães, Expedição aos Martírios, Tarzan, Príncipe Valente, Ziraldo, a infalível Revista do Esporte. Aos 15 anos encontra-se com um livro fundamental: “Os Sertões”, de Euclides da Cunha. Guarda consigo o exemplar de capa dura até hoje.
Estudou em colégios católicos. Fez medicina em João Pessoa e em São Paulo (1973), com residência em medicina preventiva na Faculdade de Medicina da USP (1974/75) e especialização em saúde pública na Faculdade de Saúde Pública da USP (1976). Ingressou por concurso como médico sanitarista na Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo durante o governo do secretário Walter Leser (1976).
Casado há 41 anos, pai de seis filhos e avô de um neto, vive na Vila Mariana, bairro no centro expandido da cidade de São Paulo. Outros habitantes da casa são Karienin, uma golden retrivier, e Sofia, uma gata misteriosa. Ele e a mulher, também médica, trabalharam na saúde pública e moraram na zona leste de São Paulo de 1976 a 1990.
Sua atuação política se inicia em 1968, como membro do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). Em 1969 e em 1973 foi preso e processado pela lei de segurança nacional da época da ditadura militar.
Foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) em 1980, do qual desfilia-se em 2003 . Esta atitude se deu por divergências insanáveis com os métodos políticos da cúpula do PT e por seu inconformismo com a tendência da direção do Partido a colocar muitas vezes seus interesses partidários acima dos interesses mais gerais da nação brasileira. Filia-se ao Partido Verde em 2003.
Eduardo Jorge foi Deputado Federal Constituinte e teve participação decisiva na legislação constitucional na área da seguridade social (Saúde, Previdência e Assistência Social). Foi deputado estadual (1983/86) e federal (1987/2003), Secretário Municipal da Saúde de São Paulo em 1989/90 com a então prefeita Luiza Erundina e em 2001/2002 com a prefeita Marta Suplicy, sempre pelo PT. Depois já no PV foi Secretário Municipal do Meio Ambiente nas gestões José Serra/Gilberto Kassab (2005/2012).
Foi um dos criadores da legislação do Sistema Único de Saúde (SUS), é autor da lei que regulamenta o Planejamento Familiar no Brasil e legaliza a esterilização voluntária masculina e feminina (Lei nº 9263/96). Também é autor da Lei dos Medicamentos Genéricos (Lei nº 9787/99). Coautor da lei que regulamenta a assistência social que prevê o benefício de prestação continuada de um salário mínimo para idosos e deficientes comprovadamente pobres (Lei nº 8742/1993). Coautor da Emenda Constitucional 29/2000, que prevê o orçamento mínimo obrigatório federal/estadual/municipal para o SUS. Deixou em tramitação outros tantos projetos de lei como sistema único de previdência, parlamentarismo, redução da jornada de trabalho, farmácias populares, reciclagem de automóveis, financiamento para pesquisa e fomento da produção de energia elétrica a partir da energia eólica e da energia solar, desarmamento, regulamentação da profissão de parteiras, programa nacional de vacinação para idosos, dentre tantos outros.
Teve a missão de implantar a estrutura prevista no SUS mesmo antes que ele fosse regulamentado no Congresso Nacional, durante a primeira experiência no executivo, à frente da Secretaria Municipal de Saúde, na gestão da então prefeita Luiza Erundina. Em São Paulo foi criado o primeiro Conselho Municipal de Saúde do Brasil e iniciada a descentralização. Retornando ao Congresso Nacional em 1990, a experiência à frente da Secretaria de Saúde ajudou na regulamentação das leis do SUS, com fortalecimento das teses da descentralização e da democracia participativa.
De volta à Secretaria Municipal da Saúde na gestão Marta Suplicy, criou os distritos de saúde, municipalizou as 200 equipes estaduais do Programa de Saúde da Família (PSF) e implantou mais 520 equipes. Expandiu as parcerias e trouxe de volta os trabalhadores da saúde que tinham sido deslocados para outras secretarias. Enfim, reconstruiu e trouxe de volta ao SUS a maior secretaria municipal de saúde do Brasil.
Já filiado ao Partido Verde, assume em 2005 a convite do então prefeito José Serra a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, com uma visão de que as questões da área ambiental se fundem com as de saúde e na verdade com todas as outras grandes questões da cidade de São Paulo. Permanece à frente da Secretaria do Verde até 2012. Reestruturou as ações em novos eixos e criou programas que garantiram a interface com duas outras importantes áreas: educação (através do Programa Carta da Terra, promovendo o diálogo com os professores a partir dos princípios deste importante documento) e saúde (programas de promoção de saúde e defesa do meio ambiente com os trabalhadores do Programa de Saúde da Família). Ampliou a área verde protegida na cidade criando mais de 60 novos parques, saindo de 15 milhões de m² para 45 milhões de m² de área verde protegida municipal. Implantou a Inspeção Veicular Ambiental, que segundo pesquisa da Faculdade de Medicina da USP evitou, só em 2011, 379 mortes no município de São Paulo com a regulagem de 3,2 milhões de veículos. Iniciou a política de apoio ao uso de bicicleta na Prefeitura e, com a Secretaria de Transportes, promoveu a criação da Ecofrota em 2 mil ônibus municipais substituindo o uso de diesel.
Implantou a primeira Lei Municipal de Mudança Climática, estabelecendo diretrizes para todos os setores da Prefeitura no sentido de promover a mitigação de emissão de gases de efeito estufa e ações de adaptação. Promoveu a captação de metano e geração de energia nos aterros sanitários. Criou a Universidade Aberta de Meio Ambiente e Cultura de Paz (UMAPAZ), buscando a intersetorialidade destas duas áreas, e promoveu cursos de mediação de conflito junto à Guarda Civil Metropolitana. Criou os Conselhos Regionais de Meio Ambiente e Cultura de Paz (CADES Regionais), ampliando a participação da popular nas decisões e políticas de meio ambiente.
Com a Secretaria da Habitação, atuou na prevenção de desastres climáticos oferecendo opção habitacional segura para famílias em áreas de risco e em Áreas de Proteção Permanente (APPs), impedindo novas ocupações em áreas deste tipo. Realizou cerca de 2 mil licenciamentos ambientais/ano, inclusive de todas as grandes obras públicas municipais e estaduais neste período, como as várias novas linhas de metrô e operações urbanas. Plantou 1,6 milhão de novas árvores.
Retoma suas funções como médico sanitarista concursado do governo do estado ao término da gestão, no início de 2013.