A base aliada ao Palácio do Planalto impediu nesta quinta-feira (27) que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o presidente afastado do Ibama, Eduardo Bim, fossem convocados na Comissão de Meio Ambiente da Câmara para prestar esclarecimentos sobre os fatos da Operação Akuanduba. O pedido de inclusão na pauta do requerimento do deputado Célio Studart (PV-CE) foi rejeitado por 11 a 5.
Ao defender a convocação, Célio lembrou que Salles não compareceu ontem à reunião do Conselho da Amazônia Legal, o que provocou queixas públicas do vice-presidente, general Hamilton Mourão.
“Talvez ele esteja ocupando seu tempo preparando sua defesa e, assim, não tendo tempo para cuidar do meio ambiente do país”, apontou Célio, que ressaltou também o papel fiscalizador do Congresso. Para ele, a blindagem do ministro é negativa, inclusive para a imagem do país no exterior. “Perdemos, mas não queria estar no lugar de quem ganhou”, avaliou o deputado.
Salles esteve no começo do mês na Comissão de Meio Ambiente e foi questionado por Célio sobre o escândalo envolvendo apreensão de madeira relacionado à Operação Handroanthus, mas não deu explicações na ocasião.
No último dia 19 a Polícia Federal desencadeou a Operação akuanduba, tendo como alvo, além de Salles e Bim, também servidores do Ministério do Meio Ambiente e empresários por suspeitas de crimes como corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando de madeiras.
Ao autoriza-la, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, afirmou que as investigações da Polícia Federal mostraram um grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais. Nesta semana o magistrado retirou o sigilo da investigação. São quase 500 páginas, abrangendo relatórios e representações policiais, decisões judiciais e termos de depoimento.