Motorista invadiu uma ciclovia no sul de Manhattan e atropelou várias pessoas
Prefeito de Nova York classificou o atropelamento em massa como um ataque terrorista
SANDRO POZZI
A zona baixa de Manhattan mergulhou no caos em plena festa de Halloween, depois de uma caminhonete atropelar várias pessoas que circulavam em uma movimentada ciclovia no bairro de Tribeca. Por enquanto, há oito mortos confirmados e 15 feridos. O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, afirmou que se tratava de “um ato de terror covarde” e pediu aos nova-iorquinos que permanecessem alertas, embora até o momento o ataque esteja sendo considerado como iniciativa de um lobo solitário e não como parte de uma operação terrorista mais ampla. De acordo com numerosos veículos de comunicação norte-americanos, o suspeito é Sayfullo Saipov, um homem de 29 anos, nascido no Uzbequistão e residente desde 2010 em Tampa, na Flórida. Autoridades já consideram esse o atentado mais mortífero desde o 11 de setembro.
O incidente aconteceu no cruzamento das ruas West e Chambers depois das 15h (17h em Brasília). O número de mortos pode aumentar, tendo em conta o número de feridos. A polícia da Nova York prendeu o motorista, que está sendo atendido em um hospital próximo.
“Um veículo entrou na faixa para bicicletas e pedestres e atropelou várias pessoas no caminho. Há várias vítimas mortais e muitas pessoas feridas. O veículo continuou pelo caminho na direção sul até bater em outro veículo. O suspeito saiu da caminhonete com armas falsas e foi baleado pela polícia”, explicou o departamento em vários tuítes. Fontes das forças de segurança citadas pelo The New York Times indicaram que o indivíduo deixou o veículo gritando “Allhu Akbar” (Deus é grande, em árabe).
In NYC, looks like another attack by a very sick and deranged person. Law enforcement is following this closely. NOT IN THE U.S.A.!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 31 de outubro de 2017
As testemunhas dizem que vários tiros foram ouvidos. As circunstâncias do incidente não estavam claras. Como medida de precaução, o trânsito foi interrompido na área e as escolas foram fechadas com os estudantes dentro. O incidente aconteceu a poucas quadras da prefeitura de Nova York e do World Trade Center.
Roberto Crivello estava no local, esperando havia duas horas a filha de sete anos, que está dentro da escola pública Independence, uma das mais conhecidas da cidade. “É assustador que isso aconteça tão perto da escola da minha filha”, disse ao EL PAÍS. O estudante Tawhid Kabir estava sobre a ponte que cruza a West Side Highway no momento do incidente e diz ter visto o motorista na rua como se estivesse perdido e tinha na mão duas coisas que pareciam armas. Depois os tiros foram ouvidos.
O relato dos transeuntes mostra o pânico que viveram. Outra testemunha disse ao canal local NY1 que viu o suspeito correndo por um cruzamento, ouviu cinco ou seis tiros e viu “100 policiais” ocuparem os arredores. “Vi que ele tinha algo na mão, mas ele não sabia o que era. Disseram que era uma pistola. A polícia disparou contra ele, todo mundo começou a correr e aquilo se tornou uma loucura. Olhei de novo e o cara já estava no chão”, explicou.
O prefeito Bill de Blasio foi para o local do incidente e deu uma entrevista coletiva. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está recebendo informações atualizadas sobre os fatos, de acordo com a Casa Branca. “Parece que houve outro ataque por parte de uma pessoa muito doente e perturbada. As forças de segurança estão acompanhando isso de perto. Não nos Estados Unidos!”, escreveu no Twitter.
O episódio é semelhante ao que aconteceu em maio, quando um motorista atropelou na Times Square, o epicentro turístico de Nova York, um total de 23 pessoas –uma delas morreu–, mas não foi um ato terrorista.
O ato de Nova York é o mais recente de um padrão promovido pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI) de dois anos para cá e que consiste em usar veículos como armas mortais, embora ainda se desconheça se o motorista desta terça-feira tenha alguma ligação com o grupo. Em agosto, um jovem terrorista fez um atropelamento semelhante, causando 13 mortos e mais de 100 feridos na Rambla de Barcelona (Espanha). Em dezembro de 2016, outro terrorista tunisiano usou um caminhão para investir contra um mercado de Natal em Berlim (Alemanha), matando 12 pessoas e ferindo 56. Em julho daquele ano, outro tunisiano filiado ao EI matou 86 pessoas na avenida à beira-mar de Nice(França) ao atingir centenas de pessoas com um caminhão reboque.
Fonte: El País