SÃO PAULO — Um colégio estadual de Suzano, na Grande São Paulo, foi palco de uma tragédia na manhã desta quarta-feira. Depois de matar o dono de uma locadora e roubar um carro, dois atiradoresinvadiram a Escola Estadual Raul Brasil , no Jardim Imperador, e abriram fogo a esmo no horário do intervalo. No colégio, eles mataram cinco estudantes, duas funcionárias do colégio e, logo em seguida, se mataram.
Os atiradores são ex-alunos da escola e foram identificados pela polícia como Guilherme Tauci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos. Inicialmente, a polícia divulgou que a dupla havia se suicidado. Durante a tarde, porém, o comandante geral da PM, coronel Marcelo Vieira Salles, afirmou que só podia dizer que foram ouvidos dois tiros antes que eles caíssem.
O ataque deixou ao menos 16 feridos, que foram encaminhados para dois hospitais da região e para o Hospital das Clínicas, na capital paulista. Às 15h, o governo do estado informou que ainda havia oito pessoas internadas.
Os atiradores se envolveram em outro crime antes de invadirem a escola. Por volta das 9h, dois atiradores entraram em uma concessionária de carros que fica na vizinhança, a Jorginhos Veículos.
Segundo testemunhas, eles perguntaram pelo nome do dono do estabelecimento e, quando o homem se apresentou, deram três disparos. Na sequência, foram de carro até o colégio, distante cerca de 500 metros. A vítima está internada.
Imagens de câmera de segurança de um casa que fica na rua do colégio mostram os atiradores descendo de um carro branco. Minutos depois, o vídeo mostra dezenas de estudantes pulando o muro do colégio para fugir.
VEJA IMAGENS DO ATAQUE A TIROS EM ESCOLA DE SUZANO, NA GRANDE SÃO PAULO
Segundo o comandante geral da PM, coronel Marcelo Vieira Salles, além de um revólver 38, os assassinos portavam arco e flechas, uma machadinha, coquetel molotov e artefatos explosivos.
— Ao entrar na escola, eles atiraram numa coordenadora pedagógica, numa outra funcionária e em mais quatro alunos do ensino médio. Em seguida, dirigiram-se ao centro de línguas, onde os alunos se fecharam na sala de aula. Os dois homicidas então se suicidaram no corredor — afirmou o policial.
Imagens divulgadas pelas redes sociais mostram que um dos atiradores usava um capuz com o desenho de uma caveira, vestia camiseta e calça pretas e luvas na mão direita.
RELEMBRE OUTROS A ATAQUES ESCOLAS NO BRASIL
Ao menos dez mortos em Suzano
Dois atiradores invadiram a Escola Estadual Raul Brasil , no Jardim Imperador, em Suzano , na Grande São Paulo, na manhã desta quarta-feira. Eles abriram fogo a esmo no horário do intervalo. Mataram cinco estudantes, uma funcionária do colégio e se suicidaram em seguida. (Leia mais)
Massacre matou 12 em Realengo
No dia 7 de abril de 2011, doze adolescentes de 13 a 16 anos foram mortas dentro da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro. Outras 12 ficaram feridas. O atirador, um ex-aluno da escola, se matou em seguida com um tiro na cabeça. Ele deixou uma carta em que explicava que sofreu bullying na escola. (Leia mais)
Em Minas, vigia ateou fogo em alunos
Em Janaúba, Minas Gerais, um vigia entrou em uma sala de aula da creche Gente Inocente onde trabalhava, jogou combustível em si próprio e nos alunos e depois ateou fogo. O atentado aconteceu em outubro do ano passado e matou nove crianças e uma professora, que tentou salvar os estudantes. (Leia mais)
Dois estudantes mortos em Goiânia
Em outubro de 2017, um adolescente de 14 anos levou para a escola a pistola .40 da mãe, que é policial militar, e disparou contra os colegas. Dois estudantes foram mortos e outros quatro ficaram feridos. O atirador era aluno do 8º ano do Colégio Goyazes. Segundo colegas, o estudantes sofria bullying. (Leia mais)
Sala de aula atacada no Paraná
Em setembro de 2018, dois adolescentes entraram no Colégio Estadual João Manoel Mondrone, em Medianeira, no oeste do Paraná, e atacaram colegas de classe. Dois alunos foram atingidos por disparos, um deles ficou em estado grave, mas sobreviveu. Os envolvidos no ataque eram menores de idade e estudavam no colégio. (Leia mais)
Três feridos em João Pessoa
Em abril de 2012, três alunos da escola estadual ficaram feridos em um atentado a tiros na Enéas Carvalho, na cidade de Santa Rita, na Grande João Pessoa (PB). Os disparos foram feitos por dois adolescentes, de 16 e 13 anos, que tinham como alvo um estudante de 15 — duas vítimas acabaram atingidas por estarem perto deste jovem.
Professora sobreviveu a atentado em São Caetano do Sul
Filho de um guarda-municipal, um estudante de dez anos atirou contra uma professora na escola municipal Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul, região metropolitana de São Paulo. O ataque aconteceu em abril de 2011. A criança atirou contra a própria cabeça e morreu em seguida, no hospital. A profissional sobreviveu.
Vítima de bullying atirou e deixou aluno paraplégico em Taiúva
A Escola Estadual Coronel Benedito Ortiz, em Taiúva, no interior de São Paulo, foi palco de um atentado em janeiro de 2003. Um ex-aluno, que era vítima de bullying, atacou cinco alunos, o caseiro, a zeladora e uma professora do colégio. Um dos alunos levou um tiro na coluna e ficou paraplégico.
Aluno matou duas antes de se entregar à polícia em Salvador
Em outubro de 2002, um aluno de 17 anos atirou contra duas colegas de classe da escola particular Sigma, localizada no bairro Jaguaribe, em Salvador (BA). Ele foi convencido pelo irmão mais velho a se entregar para a polícia enquanto ameaçava tirar a própria vida na quadra do colégio.
— Em 34 anos de polícia nunca vi nada igual. Um atentado de alguém que não tem o domínio de suas faculdades — disse o coronel.
Relatos feitos por testemunhas à polícia dão conta que os atiradores carregavam também uma caixa com fios, o que levou a polícia a suspeitar que poderia ser uma bomba.
Num primeiro momento, a polícia revelou que os atiradores eram ex-alunos da escola Raul Brasil. Mais tarde, porém, o governador João Doria (PSDB) disse que, segundo a diretora da instituição, eles nunca estudaram na unidade.
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— Provavelmente foi um ato premeditado. Entraram equipados, com máscara, mas a gente não tem ainda a motivação — disse o coronel da PM Fábio Pellegrini, que também acompanha o caso.
Após visitar a cena do ataque a tiros, o governador João Doria prestou solidariedade aos familiares das vítimas:
— É a cena mais triste que assisti na minha vida. Triste que isso ocorra em meu país e em São Paulo. Estou muito impactado. Fui ao local e fiquei consternado, chocado. Quero prestar a nossa solidariedade e esperança às famílias para que todos possam se recuperar — disse o governador.
Após o crime, uma aglomeração de pais e parentes de alunos se formou no entorno do colégio. A PM montou um cordão de isolamento, e a Defesa Civil tenta organizar o encontro entre eles e os alunos.
A Prefeitura de Suzano montou uma estrutura em um centro comunitário para dar apoio psicológico aos familiares das vítimas.
A escola Raul Brasil tem cerca de 1 mil alunos matriculados e 105 funcionários, segundo dados do Censo Escolar de 2017. A escola oferece aulas para turmas do 6º ano do ensino fundamental à 3ª série do Ensino Médio.