Ação apura os crimes de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais.
Veja o vídeo acessando ao link da matéria: G1
Os ex-governadores do Rio de Janeiro Anthony Garotinho e Rosinha Matheus foram presos na manhã desta quarta-feira (22) em uma ação da Polícia Federal que investiga crimes eleitorais.
Segundo um agente da PF, a prisão tem relação com a delação premiada de Ricardo Saud, da JBS. Ao todo, foram expedidos 9 mandados de prisão e 10 de busca e apreensão pelo juiz eleitoral de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense.
A ação apura os crimes de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais.
De acordo com a PF, foram identificados elementos que apontam que a JBS firmou contrato fraudulento com uma empresa sediada em Macaé para a prestação de serviços na área de informática.
Há suspeita, porém, de que os serviços não tenham sido prestados e de que o contrato, de aproximadamente R$ 3 milhões, serviria apenas para o repasse irregular de valores para a utilização nas campanhas eleitorais.
Outros empresários também informaram à PF que o ex-governador cobrava propina nas licitações da prefeitura de Campos, exigindo dinheiro para que os contratos fossem firmados.
Rosinha foi levada para a sede da PF em Campos. Garotinho estava no apartamento dele no Flamengo, Zona Sul do Rio, quando foi detido. Por volta das 11h, ele deixou a sede da PF, no Centro, e foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) para fazer exame de corpo de delito.
Rosinha foi transferida por volta das 11h40 da degacia da PF para o presídio feminino Nilza da Silva Santos, em Campos dos Goytacazes.
Investigação
Segundo a denúncia do Ministério Público do Rio (MP-RJ), o presidente do PR, Antônio Carlos Rodrigues, negociou com Garotinho e com a JBS a doação de dinheiro oriundo de propina para a campanha do ex-governador ao governo do Rio, em 2014.
Após ser pressionado por Garotinho, Antonio Carlos pediu que a JBS conseguisse mais R$ 4 milhões para a campanha, ficando combinado, por fim, o pagamento de mais R$ 3 milhões, dinheiro oriundo de propina, para selar apoio do PR ao PT e ao PMDB, dinheiro que foi destinado, segundo o MP, a outra conduta ilícita, que era custear despesas do grupo político de Garotinho sem a devida declaração nem comprovação
O inquérito que embasa a denúncia partiu da delação de Wesley, Joesley e Saud. “Na ocasião, foi relatado que o referido Grupo Econômico doou cerca de R$ 3.000.000,00 para a campanha de Anthony Garotinho ao Governo do Estado do Rio de Janeiro em 2014, a título de “caixa 2″, dinheiro não contabilizado na prestação de contas eleitoral, valendo-se de um contrato de prestação de serviços celebrado com uma empresa indicada por aquele candidato, apenas para dar aparência de legalidade ao repasse de dinheiro.”, diz o documento.
Ex-secretário também foi preso
Suledil Bernardio, que foi secretário de Governo da Prefeitura de Campos durante a gestão de Rosinha, também é alvo da operação. Os agentes fizeram buscas na casa do ex-secretário e ele foi levado para a sede da polícia federal em Campos.
A defesa dos ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho informou que só se pronunciará quando tiver acesso aos documentos que embasaram os mandados de prisão, o que ainda não aconteceu.
Em nota oficial, o ex-governador Anthony Garotinho atribui a operação de hoje a mais um capítulo da perseguição que diz estar sofrendo. Garotinho afirma ainda que nem ele nem nenhum dos acusados cometeu crime algum. A nota ainda reforça que essa operação à qual Garotinho e rosinha respondem não tem relação alguma com a Lava Jato.
Os presos serão encaminhados ao sistema prisional do Estado, onde permanecerão à disposição da Justiça. Garotinho já tinha sido preso na Operação Chequinho da PF, que investiga um esquema de troca de votos envolvendo o programa social Cheque Cidadão, na eleição municipal do ano passado.
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Operação Chequinho
A primeira prisão de Garotinho ocorreu em 2016, durante a Operação Chequinho, que investigou um esquema de compra de votos em Campos. Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), em troca dos votos, a prefeitura oferecia inscrições fraudulentas no programa Cheque Cidadão, que dá R$ 200 por mês a cada beneficiário.
A operação foi iniciada em setembro de 2016, quando o MPE e a PF viram um “crescimento desordenado” do Cheque Cidadão. Em apenas dois meses, o número de inscritos passou de 12 mil para 30 mil. Desde então, a operação prendeu vereadores, eleitores e outros envolvidos no caso. Todos já foram soltos.
Justiça revogou prisão de Garotinho em setembro
Em setembro de 2017, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) derrubou a prisão domiciliar de Garotinho. O político havia sido preso no dia 13 de setembro, após ser condenado na primeira instância da Justiça Eleitoral a 9 anos, 11 meses e 10 dias de reclusão, além de multa de R$ 210.825. A pena, no entanto, havia sido transformada em prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica e outras restrições.
Na decisão, a maioria dos ministros do TSE derrubou essas restrições, que também incluíam proibição de contato com qualquer outra pessoa, exceto familiares, e de uso de celulares, internet e outros meios de comunicação.
Fonte: G1