Começo esse pequeno artigo contando, de forma breve, a vida do microbiologista e médico sanitarista Oswaldo Cruz.
Ele nasceu em 5 de agosto de 1872 em São Luís de Paraitinga, no estado de São Paulo. Aos 20 anos se formou em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e, logo após, passou 2 anos estudando microbiologia, soroterapia e imunologia no Instituto Pasteur, na França. DE volta ao Brasil, em 1902 assumiu a direção do Instituto Soroterápico Federal, no Rio de Janeiro, que anos mais tarde se tornaria o renomado Instituto que leva seu nome.
Naqueles anos, na cidade do Rio de Janeiro, ocorreram surtos de peste bubônica (doença de ratos), febre amarela e de varíola, com a morte de cerca de mil pessoas. Oswaldo Cruz tomou medidas sanitárias que entendia serem necessárias e deu início à imunização com vacina contra a varíola. Seus métodos eram vistos como radicais já que adotou, entre outras ações, a notificação obrigatória dos casos confirmados, isolamento dos doentes e erradicação de possíveis vetores – ratos e mosquitos – com brigadas percorrendo as ruas e indo às casas das pessoas. Foi amplamente criticado pelos jornais da época e pelo Congresso e criou-se a “Liga Contra a Vacinação Obrigatória” que culminou, em 1904, com a Revolta da Vacina.
Entretanto, em 1907 a febre amarela foi erradicada no país e, em 1908, quando surgiu nova epidemia de varíola, a população foi espontaneamente aos postos de vacinação. Assim, o Brasil finalmente reconheceu o valor de Oswaldo Cruz. Ele mudou-se para Petrópolis em 1915 onde plantou as primeiras hortências. Foi prefeito da cidade e faleceu aqui em 11 de fevereiro de 1917, aos 44 anos.
Nós, brasileiras e brasileiros, PRECISAMOS cultivar o bom hábito de relembrar a nossa História. Evitar repetir erros passados é sinal de bom senso, sabedoria e responsabilidade.
Hoje, em 2022, estamos vivendo uma NOVA REVOLTA DAS VACINAS, com queda acentuada cobertura vacinal de nossas crianças! Doenças erradicadas aqui, como sarampo, poliomielite e varíola, tem risco real de retornarem.
Nosso Brasil, o país do SUS, do Plano Nacional de Imunização – PNI que sempre nos orgulhou e que salvou tantas vidas e preveniu tantas sequelas, está novamente em perigo. Sim, porque essas doenças do calendário vacinal são DOENÇAS GRAVES que matam ou deixam consequências irreversíveis.
Como se não bastassem os boicotes e a desinformação quanto às vacinas contra gripe e contra Covid-19, essa pandemia que já nos deixou de legado quase 700 mil mortos, vemos recentemente a negação às vacinais tradicionais: tuberculose, difteria, tétano, coqueluche, sarampo , rubéola , caxumba , rotavírus, poliomielite, varicela (catapora), hepatite B e A, febre amarela (em locais de endemia), haemophilus b , gripe (influenza) , HPV e meningite! Todas doenças com prevenção por vacinas! Atualmente, inclusive, estamos em surto de meningite meningocócica.
A falta da vacina mata ou aleija; e negar a vacinação às suas crianças e seus idosos, também. Somos todos responsáveis por nossas escolhas mas, quando escolhemos por nossos filhos, somos mais responsáveis ainda. E quando o assunto é relacionado a doenças infecciosas, somos responsáveis também por nossos parentes, vizinhos e amigos!
Converse com seus parentes e amigos e veja se eles, seus filhos e idosos estão vacinados. Veja o calendário de vacinação nos postos de saúde e faça a escolha certa: vacine seus filhos e dê a eles o direito à uma vida saudável!
Voltemos a ser o país da vacina, da prevenção e pela VIDA!
Helaísse Magarinos
Médica Pediatra e Sanitarista