Devemos priorizar as fontes renováveis e nenhuma nova hidrelétrica na Amazônia no planejamento energético do País para os próximos dez anos
O Brasil poderá suprir a energia que precisa nos próximos dez anos priorizando investimentos em fontes renováveis como solar, eólica e biomassa em detrimento de petróleo, gás e carvão mineral, e sem precisar construir nenhuma nova hidrelétrica na Amazônia ou usina nuclear. É o que o Greenpeace acredita e que foi proposto ao Ministério de Minas e Energia como contribuição à consulta pública aberta para o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) de 2026.
O PDE é um estudo periódico elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) que busca traçar como será a expansão do setor de energia nos próximos dez anos, levando em conta o balanço da oferta e demanda das fontes energéticas disponíveis e a segurança do sistema. Até 6 de agosto, o PDE para o horizonte de 2026 está disponível para críticas e sugestões da sociedade civil.
Nesta edição, o PDE projeta um crescimento médio de 2% ao ano na oferta interna de energia necessária para movimentar a economia. A expansão da capacidade instalada de geração elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN) deve atingir 64,1 GW, sendo que metade desse acréscimo refere-se à expansão de novas renováveis (biomassa, eólica e solar).
Já em relação a investimentos em infraestrutura energética para suprir esta expansão devem alcançar R$ 1,4 trilhão. Segundo o governo, petróleo e gás deverão absorver cerca de 70% do total estimado de investimentos, número similar ao visto em edições anteriores do Plano. Além disso, será mantido o uso do grave carvão mineral, apesar de ser plenamente viável abandonar essa fonte de energia tão poluente.
Para o Greenpeace, essa concentração de recursos nos combustíveis fósseis é absolutamente incompatível com os esforços de descarbonização que o país deveria apresentar – especialmente após a ratificação do Acordo de Paris. É urgente mudar esse quadro priorizando cada vez mais as novas energias renováveis, principalmente solar, cuja participação pode ser ainda maior que a projetada, podendo chegar a 15 GW de capacidade instalada se contratados 1,5 GW por ano em leilões – em linha com o nível de ambição muito positivo já apontado para a energia eólica, que de acordo com o Plano chegará a 28 GW no período .
“Precisamos escolher se vamos investir em peso nas energias do futuro, como a solar e a eólica, ou se seguiremos priorizando petróleo e carvão, que perdem espaço ano após ano. A nova edição do PDE ainda aponta na direção errada, dando atenção limitada para soluções verdadeiras. O governo tem a chance de ajustar a rota ao rever o documento após a consulta pública”, afirma Pedro Telles, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace.
Confira o posicionamento do Greenpeace sobre o PDE na consulta pública.
Fonte : Greenpeace