O Partido Verde entrevista a secretária do PV Mulher de São Paulo capital, diretora da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e sócia do restaurante Pop Vegan Food, Mônica Buava
O Dia da Gastronomia Sustentável foi criado na Assembleia Geral da ONU, em 2016, com o objetivo evitar o desperdício de alimentos. Mas como uma alimentação vegetariana poderia contribuir? A secretária do PV Mulher de São Paulo capital, diretora da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e sócia do restaurante Pop Vegan Food, Mônica Buava, explica: “A maior parte dos grãos cultivados no mundo é utilizado para alimentar e engordar animais que irão para o abate. São necessárias cerca de 11 a 17 calorias de proteínas de grãos para criar cada caloria de proteína de carne bovina, suína ou de frango. Ou seja, podemos evitar esse desperdício de grãos, água, solo, tirando os animais desta equação e nos alimentando de fontes vegetais de proteína diretamente”, afirma Mônica.
De acordo com a pesquisa: “Efeitos da pandemia na alimentação e na situação da segurança alimentar no Brasil”, realizada pela Universidade Livre de Berlim, 59,3% dos brasileiros, 125,6 milhões, não comeram em quantidade e qualidade ideais desde a chegada do novo coronavírus. Para a diretora da SVB, é necessário mudar a lógica da alimentação no Brasil e no mundo. “[São] 125 milhões de brasileiros com insegurança alimentar, enquanto isso, nenhum, dos mais de 1 bilhão de animais criados para o abate estão com fome neste momento. Como podemos destruir biomas, destruir nossos solos com monocultura, poluir água, para alimentar animais ao invés de alimentarmos diretamente as pessoas que estão passando fome? Isto está muito errado! Precisamos usar nossas terras para alimentar nossa população. Isso não só no Brasil, 83% das terras aráveis no mundo são usadas pela pecuária, mas elas oferecem, apenas, 20% das calorias consumidas no mundo”, detalha a secretária.
De acordo com Mônica, uma alimentação vegetariana não só poderia auxiliar na luta contra a fome, mas também poderia proteger o meio ambiente e proporcionar mais saúde para a população. “Se mudássemos nossa alimentação para uma dieta baseada em vegetais, ou também conhecida como alimentação vegana, liberaríamos 75% das terras aráveis. Essas terras poderiam ser reflorestadas, deixando de emitir 15% dos gases [do efeito estufa] e sequestrariam do ar mais 15% dos gases. Sem contar a redução de venenos/agrotóxicos que ingeriríamos, manutenção de nascentes, preservação da biodiversidade. Além dos impactos ambientais, uma alimentação centrada em vegetais favorece a [prevenção] de doenças crônicas e degenerativas. Essa alimentação, diminui o risco de diabetes, auxilia o controle de peso, diminui o risco de infartos e alguns tipos de câncer”, diz.
A diretora fala sobre uma pesquisa que relaciona uma dieta baseada no consumo de alimentos naturais e integrais e reações menos graves para quem é infectado com o novo coronavírus. “Inclusive, recentemente, um estudo mostrou que [tem] 73% menos chances de apresentar sintomas moderados a severos de Covid-19, em quem segue uma alimentação “plant based”, conclui Mônica.