O Partido Verde entrevista a arquiteta, jornalista, cicloativista e vereadora pela sigla em São Paulo capital, Renata Falzoni.
A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), na Assembleia Geral em 2018, com o intuito de conscientizar sobre os benefícios do uso da bicicleta para o transporte, o lazer, a saúde e o meio ambiente.
Em 2018, o Brasil já possuía são 50 milhões de bicicletas contra 41 milhões de carros, mesmo assim, só 7% dos brasileiros utilizavam a bicicleta como meio de transporte principal, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Durante a pandemia, também houve um aumento de 50% nas vendas de bicicletas, segundo balanço feito pela Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), em 2020.
Em fevereiro deste ano, o governo federal reduziu a alíquota de importação de bicicletas, com diminuição progressiva: De 35% para 30% em março, 25% em julho e 20% em dezembro. Em abril, a Tarifa Externa Comum (TEC) foi reduzida de 16% para 2% em câmbios e pinhões de roda livre (K7).
Mas por que o Brasil ainda não é um dos países que mais utilizam a bicicleta como principal meio de transporte?
A arquiteta, jornalista, cicloativista e vereadora do Partido Verde em São Paulo capital, Renata Falzoni, explica: “Redução de impostos incide diretamente na possível redução do preço e eventualmente no maior número de vendas e aquisições tanto para transporte, quanto esporte e lazer. No entanto, para promover a bicicleta como meio de transporte, se tiver uma enorme frota e distribuir gratuitamente, isso não quer dizer que a população vá se transportar mais de bicicleta. Associada à facilidade de aquisição da bicicleta, têm que ter fatores como infraestrutura, acalcamento de trânsito, condições de pedalar em segurança, também tem que ter uma situação que o trabalhador more perto do trabalho ou que consiga combinar a bicicleta com o transporte público. É o caso das bicicletas compartilhadas, em que o cidadão pode ir de transporte público e pegar a bicicleta nos últimos quilômetros ou pegar a bicicleta e depois pegar o transporte público, isso é a intermodalidade”, detalha a parlamentar.
A arquiteta também aponta outro impedimento para que a bicicleta seja um meio importante de locomoção, a forma como as cidades foram criadas, com crescimento desordenado e a desigualdade social. Ela deu como exemplo a cidade de São Paulo. “O [sistema] de transporte pendular que vai e volta lotado em São Paulo, porque os empregos estão nos grandes centros, longe da periferia. Mesmo quem é privilegiado e pode se locomover de bicicleta, anda uma média de 12km para chegar ao trabalho, muito mais do que outros países”, conta Renata.
Segundo a vereadora, estruturas cicloviárias, planejamento urbano, políticas públicas de combate à desigualdade social favorecem o incentivo para uso diário da bicicleta. “Passe livre, acesso a cidades sustentáveis, morar perto do emprego. Bicicleta é um símbolo de sustentabilidade”, finaliza a cicloativista.