Representação do PSol acusa crime de responsabilidade, que pode levar a um processo de impeachment.
A bancada do PSol na Câmara dos Deputados apresentou, nesta quarta-feira (23), uma representação à PGR (Procuradoria-Geral da República) para investigar a família Bolsonaro pelo uso de milícia digitais. O documento pede que sejam colhidos depoimentos dos deputados Alexandre Frota (PSDB-SP), Joice Hasselmann (PSL-SP) e Delegado Waldir (PSL-GO) para apurar possíveis irregularidades desde a campanha eleitoral de 2018.
“Lançar mão do cargo de Presidente da República para manter uma milícia digital, assim denominada uma rede de perfis falsos nas redes sociais destinada à disseminação de mentiras e a ameaçar e atacar opositores do Governo constitui conduta absolutamente contrária ao que dispõe a lei, por mais que satisfaça o interesse pessoal do Presidente da República”, diz a representação.
O PSol pede para que o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sejam investigados pelos crimes de improbidade, prevaricação, prática de advocacia administrativa, além do crime de responsabilidade, que seria o caso de impeachment.
De acordo com o documento, “usar o cargo para patrocinar os interesses privados da família, ainda que na seara política, sem dúvida alguma enquadra-se na conduta vedada pelo tipo penal de advocacia administrativa, especialmente quando a conduta tem como objetivo assegurar um cargo para o próprio filho”, em referência a atuação de Bolsonaro para que Eduardo assumisse a liderança da bancada do PSL.
O documento cita reportagens e depoimentos de parlamentares sobre uma rede que teria sido criada durante as eleições para a “disseminação de mentiras e para ameaçar e atacar opositores e desafetos do Presidente da República, de sua família e de seus aliados”.
Em meio à disputa da liderança do PSL na Câmara, fruto da briga dentro do partido entre Bolsonaro e o presidente da sigla, Luciano Bivar (PSL-PE), o ex-líder, Delegado Waldir afirmou, em entrevista ao Globo que “existem grupos contratados que foram levados para dentro do Palácio do Planalto, existem pontos comandados do Rio de Janeiro”.
Já Joice Hasselmann, destituída da liderança do governo em 17 de outubro, escreveu no Twitter no dia seguinte: “Não tenho medo da milícia, nem de robôs! Meus seguidores são de verdade, orgânicos. E não se esqueçam que eu sei quem vocês são e o que fizeram no verão passado”.
Ao UOL, a parlamentar afirmou que “Carlos, Eduardo e Flávio Bolsonaro são líderes de uma rede especializada em campanhas de difamação e notícias falsas usando aplicativos de mensagens”. De acordo com ela, a atuação se daria por meio de ao menos 20 perfis no Instagram, que alimentam uma rede que chegaria a 1.500 páginas e perfis.
No Twitter, a ex-líder do governo disse que o perfil “Pavão Misterioso”, conhecido pela disseminação de notícias falsas e por atacar opositores do presidente, é controlado por Carlos Bolsonaro.
Nesta quarta, a CPMI (comissão parlamentar mista de inquérito) das Fake News aprovou a convocação da deputada para falar sobre o assunto.
A representação cita ainda reportagem da Época em que Alexandre Frota, também acusa Bolsonaro de organizar uma milícia digital.
No documento, o PSol aponta que “a milícia digital também havia sido identificada durante a campanha eleitoral”, em referência a reportagem da Folha de S. Paulo que revelou o disparo de mensagens em passa a favor de Bolsonaro, pago por empresários. Reportagem do UOL publicada em setembro demonstrou que a chamada milícia digital segue ativa.
Fonte: Hufpost