Paulo de Araújo/MMA
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Lucero: descarbonização da economia
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Em seminário, secretário do MMA destaca oportunidades de crescimento com a transição para uma economia de baixo carbono no país.
WALESKA BARBOSA
A sustentabilidade precisa entrar na centralidade das decisões nacionais. A avaliação é de Everton Lucero, secretário de Mudança do Clima e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA). “Estamos convencidos de que meio ambiente e mudança do clima não podem continuar sendo tratados como meras externalidades ao modelo econômico. Precisam e devem migrar cada vez mais para a centralidade das decisões políticas, econômicas, financeiras, de planejamento e desenvolvimento”, afirmou.
Lucero representou o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, nesta quarta-feira (04/10), na abertura do seminário CNI Sustentabilidade 2017 – Protagonismo nos negócios sustentáveis, em Brasília. O evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) debateu como as inovações podem afetar o ambiente de negócios e impactar o crescimento sustentável de economias como a do Brasil.
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Também foram apresentadas experiências internacionais sobre instrumentos econômicos para a agenda de mudança do clima no Brasil com foco no cumprimento dos compromissos assumidos no Acordo de Paris sobre Mudança do Clima, concluído em dezembro de 2015 com o objetivo de conter o aumento da temperatura média do planeta.
Segundo Lucero, a sustentabilidade e a mudança do clima não podem ser enxergadas apenas sob o viés ambiental. “Temos ainda um longo trabalho a fazer para que de fato a sustentabilidade seja percebida pela sociedade, pelos setores econômicos, pela indústria e outros segmentos como uma oportunidade que se oferece ao país para melhorarmos a competitividade e promovermos o desenvolvimento em patamares que nos levem a criar uma economia de baixo carbono, que ofereça empregos de qualidade, aumentem a geração de renda e promovam o desenvolvimento com atenção ao meio ambiente”, defendeu.
OPORTUNIDADES
Lucero defendeu que tanto a mudança do clima quanto os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) apresentam oportunidades concretas de negócios e de mobilização de recursos. “Portanto, não podem ser encarados como condicionantes de uma responsabilidade corporativa com o meio ambiente”, explicou. “O Acordo abre uma nova janela de oportunidades para apoiar o desenvolvimento econômico de uma forma competitiva e sustentável”.
O assunto também foi debatido em um painel sobre políticas de desenvolvimento e a agenda de mudança do clima no Brasil. Lucero discutiu com representantes de órgãos como o Ministério da Fazenda e a Empresa de Pesquisa Energética as estratégias e o uso de instrumentos econômicos para o cumprimento das metas brasileiras no contexto do Acordo de Paris. “Temos compromissos ambiciosos em Paris. Para isso, é necessária a descarbonização da economia com inovações nos fluxos financeiros. Por isso a importância do tema discutido no evento”, afirmou.
O secretário recebeu relatórios produzido por 14 setores industriais, além de SESI, SENAI e IEL sobre a atuação focada na sustentabilidade desde a Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em 2012, no Rio de Janeiro.
INOVAÇÃO
Para o vice-presidente da CNI e presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade da instituição, Marcos Guerra, a sustentabilidade precisa estar alinhada à lógica econômica para atrair investimentos, “demonstrando viabilidade e sendo incorporada à estratégia dos negócios” em oposição a uma lógica pontual, focada em ações compensatórias, o que ainda seria comum, segundo ele.
Guerra acredita na evolução no debate da sustentabilidade empresarial comprovada pelo engajamento, boas práticas, comprometimento e disposição do setor para inovar. “Estamos articulados com o governo para fazer o melhor e construir políticas públicas para incentivar que micro, pequenas e grandes empresas vejam na sustentabilidade um negócio que possa gerar resultados ao conjunto da sociedade”, disse.
Fonte: MMA