O PV Diversidade manifesta seu repúdio a liminar de um juiz do Distrito Federal, onde determina que terapias de “reversão sexual” não podem ser proibidas pelo Conselho Nacional de Psicologia. Segue abaixo o texto:
“A DOENÇA DA HOMOFOBIA”
Ao longo da História, grupos sociais discriminados são alvo de todo tipo de perseguição, cujas justificativas costumam derivar de três aspectos: morais (isso é pecado!), legais (isso é crime!) e/ou técnicos (isso é doença!).
A homossexualidade superou todas essas acusões ao longo dos séculos XIX e XX, por meio da mobilização, que veio a culminar na retirada da homossexualidade do rol de transtornos da Organização Mundial de Saúde – OMS, em 1990.
A recente decisão judicial que visa liberar as chamadas “curas gays” ou “reversões” afronta não apenas a autonomia do Conselho Federal de Psicologia, mas igualmente todo um movimento civilizatório.
A Psicologia é uma ciência-profissão, por isso denominações como “Psicologia Cristã” são falaciosas.
Não podemos tratar o que não é doença. O que podemos identificar e prevenir é a discriminação, fruto do preconceito, que gera concepções moralistas como a de que se poderia “reverter” a homossexualidade de alguém para uma idealizada heterossexualidade originária. Essa crença sem fundamentação científica é de cunho estereotipado, resultado da homofobia (preconceito contra homossexuais), que apesar dos avanços sociais e científicos, ainda se agarra a concepções medievais.
Em favor de uma sociedade realmente democrática, é imprescindível garantir a autonomia científica e profissional de psicólogas e psicólogos, que têm adotado teorias e práticas inclusivas, no sentido de reconhecer a livre vivência de qualquer orientação sexual como dignificante.
Esse lamentável episódio reforça que a luta para garantir direitos conquistados é contínua, não se restringe aos tribunais, mas começa por uma educação que valorize a diversidade humana, algo que tem sido questionado por projetos político-partidários retrógrados.
Enquanto isso, segue a luta internacional, empreendida por pesquisadores e militantes, para que outros grupos sejam despatologizados, a exemplo das travestis e transexuais, que ainda são apontadas como vítimas de um transtorno de identidade de gênero pela OMS.
Ainda é longa a caminhada para que todas as pessoas sejam reconhecidas como… pessoas.
Por: Jaqueline Gomes de Jesus (assinado pelos membros do núcleo LGBTiQ do PV)
Doutora em Psicologia
Professora do Instituto Federal do Rio de Janeiro
Autora do livro “Homofobia: Identificar e Prevenir” (Metanoia Editora)
Filiada ao Partido Verde
Assine a petição pública contra esse retrocesso: http://www.