Com programação extensa, evento reúne cerca de 5 mil pessoas no centro de Brasília. Debates e troca de sementes foram destaque nesta quarta.
LETÍCIA VERDI
O Congresso de Agroecologia 2017 chegou ao segundo dia com muita movimentação, público variado, portunhol como língua oficial, centenas de atividades, palestras, rodas de conversa e troca de sementes crioulas. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) promoveu a programação nas tendas de Sociobiodiversidade, Tecnologias Sociais e Água, nos Espaços do Saber, e participou de mesa redonda sobre políticas públicas.
A secretária de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável, Juliana Simões, representou o MMA no debate sobre Políticas Públicas da Sociobiodiversidade e Mercados Institucionais no auditório Ipê, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, onde ocorre o evento, em Brasília. Estavam no debate os representantes do Ministério do Desenvolvimento Social, Elisangela Januário; da Fundação Nacional do Índio (Funai), Juan Felipe Scalia; da Conab, Ianelli Loureiro; e do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), Ana Carolina Mendes.
O Plano Nacional de Promoção de Cadeias de Proteção da Sociobiodiversidade, o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), Cadernos de Boas Práticas sobre 31 espécies de extrativismo (em produção), Política de Garantia do Preço Mínimo para a Sociobiodiversidade (PGPM-Bio), o programa Ecoforte Extrativismo com a Fundação Banco do Brasil e o Fundo Amazônia foram algumas das iniciativas públicas citadas.
A liderança Ana Carolina Mendes destacou a importância da PGPMBio para as mulheres quebradeiras de coco babaçu. “Saímos fortalecidas na luta pela proteção dos babaçuais, na nossa organização e na capacidade de diálogo com o governo”, contou.
Entre os desafios para a implantação dessas políticas foram lembrados a dificuldade de acesso aos mercados institucional e diferenciado; a dificuldade com infraestrutura enfrentada pelos produtores e a importância de agregar valor aos produtos da sociobiodiversidade.
O MDS apresentou o contexto de criação dos instrumentos de compras públicas da agricultura familiar para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do governo federal e destacou as dificuldades de acesso dos produtores ao programa. A partir de outubro, o governo promove um simpósio para produtores em sete cidades brasileiras. Mais informações sobre o PAA podem ser obtidas aqui.
FEIRA DE SEMENTES
A Feira de Troca de Sementes Crioulas começou nesta quarta-feira à tarde com fartura de feijão de corda, jerimum, milho crioulo, arroz agulhinha, gergelim, cajuzinho do cerrado e muitas outras espécies sendo trocadas entre Cerrado e Mata Atlântica, Pampa e Amazônia. “Sejam bem-vindos, guardiões da agrobiodiversidade!”, anunciou Terezinha Dias, pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e uma das autoras do livro Diálogos de Saberes: relatos da Embrapa, lançado durante o congresso.
Troca de sementes durante o Congresso (Foto: Letícia Verdi/MMA)
Inscreveram-se para a feira de sementes mais de 120 agricultores familiares, indígenas e povos tradicionais, mas pode participar quem chegar no local. “Essas são as sementes da resistência. Semente crioula é identidade, cada uma conta a história de um povo”, destacou o coordenador do programa de sementes do semiárido da ASA (Articulação do Semiárido), Antônio Barbosa.
O líder indígena Batista Krahô agradeceu pelo evento e a troca de saberes em língua original. O artesão e agroextrativista da Chapada dos Veadeiros Josué Faustino de Souza afirmou: “Não sou contra o desenvolvimento, sou contra o desenvolvimento que destrói a vida”.
A troca de sementes continua nesta quinta-feira (14/09). Na sexta-feira, às 14h, último dia do evento, acontecerá uma premiação para os guardiões que trouxeram a maior variedade de sementes. O troféu é uma cabaça pintada por voluntários do congresso.
O EVENTO
O Congresso de Agroecologia 2017 é a realização simultânea do VI Congresso Latino-americano de Agroecologia, X Congresso Brasileiro de Agroecologia e V Seminário de Agroecologia do Distrito Federal e Entorno.
Os eventos são promovidos pela Sociedade Científica Latino-americana de Agroecologia (Socla) e Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia), organizados em Brasília por uma comissão formada por representantes da Embrapa, Universidade de Brasília, Emater-DF, Secretarias de Estado do GDF (Seagri e Sedestmidh), Ibram e ISPN. Conta com o apoio de vários ministérios, organizações e movimentos sociais. O evento é patrocinado por BNDES, Itaipu Binacional e Fundação Banco do Brasil.
Fonte: MMA