Uma nova pesquisa nos Estados Unidos diz que apoio a medidas contra as mudanças climáticas não aumenta em regiões atingidas por eventos extremos
A temporada excepcional de furacões – que ainda não acabou – já deixou um rastro de destruição nos Estados Unidos e em vários países do Caribe. Os cientistas afirmam que é possível dizer que as mudanças climáticas vão aumentar a força e a frequência dos furacões mais destruidores. Há evidências de que o Irma ganhou força por causa do aquecimento anormal do Caribe. A elevação do nível dos mares, que já começou e vai se agravar por causa das mudanças climáticas, também potencializa os impactos dos furacões.
No entanto, apesar de tudo isso, um grupo expressivo de pessoas continua rejeitando tudo o que a ciência diz sobre as mudanças climáticas nos últimos 100 anos, desde que a relação entre os gases de efeito estufa e o aquecimento do planeta foi estabelecida. O consenso científico não abala essas pessoas. A palavra dos principais centros de pesquisa científica do mundo, e das principais associações científicas do mundo, também não os convence.
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O presidente Donald Trump parece se incluir nesse grupo que rejeita a ciência. Se o faz por crença pessoal, não se sabe. Mas as medidas de sua gestão claramente o colocam em conflito com a ciência do clima.
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A má notícia é que a sequência de eventos extremos também não deve abalar as convicções dessas pessoas. É o que mostra um novo estudo americano, publicado na revista científica Global Environmental Change. O estudo foi coordenado por David Konisky, da Universidade Bloomington, em Indiana.
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Os pesquisadores mostraram para as pessoas um parágrafo sobre o consenso científico das mudanças climáticas. E perguntaram: “Se você tivesse que escolher, quanto esforço dedicaria para se planejar para os impactos das mudanças climáticas?” Os entrevistados podiam escolher entre algumas opções de medidas: regulação de propriedades costeiras para que não fiquem vulneráveis à elevação dos mares; limitação do uso de água; e reserva de pelo menos 25% das áreas residenciais para manter uma quantidade de terra capaz de deixar a água da chuva entrar no solo.
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As respostas foram comparadas com os dados do serviço nacional de meteorologia. Os pesquisadores levantaram quantos eventos extremos como secas e tempestades atingiram cada região nos últimos anos. E examinaram se esse histórico afetou as respostas dos entrevistados. Em termos gerais, 30% das pessoas disseram que apoiam “fortemente” medidas de prevenção às mudanças climáticas e 36% apoiam “de alguma forma”. Porém, essas taxas não mudaram nas áreas mais atingidas por eventos climáticos.
A única alteração percebida foi em relação ao planejamento para a construção. O apoio a essas medidas subiu 0,1% entre as comunidades que sofreram alguma catástrofe climática um mês antes da pesquisa. Mas se o evento tinha acontecido fazia mais de um mês, não havia mais diferença.
“Uma razão possível é que as pessoas não estabelecem relação entre os tipos mais comuns de eventos extremos e as mudanças climáticas”, dizem os pesquisadores. “Talvez com o tempo essa relação fique mais forte na mente do público.”
Os americanos nem podem se iludir com a ideia de que as mudanças climáticas afetam mais os outros. Um levantamento feito por seguradoras mostra que a América do Norte é o continente mais prejudicado pelos eventos climáticos.
Fonte: Época