Com a escassez de recursos financeiros nas campanhas deste ano, na primeira eleição desde que as doações empresariais foram proibidas, os parlamentares estão se mobilizam para encontrar uma alternativa para os próximos pleitos. Neste contexto, ganha força a tese da lista fechada que, na opinião de alguns políticos, pode reduzir gastos e dar mais controle sobre o fundo partidário aos caciques da legenda.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ao GLOBO que esta solução tem ganhado corpo e que a vê com bons olhos. Ele acredita que não há espaço para se debater a volta do financiamento privado e, por isto, o Congresso precisa se debruçar sobre novas formas de viabilizar financeiramente as campanhas.
— Tenho visto crescer muito o apoio à lista fechada. O financiamento privado não volta e a lista fechada reduz muito o custo da campanha e fortalece os partidos —afirma.
O líder do PMDB, Baleia Rossi (SP), disse que ainda não discutiu isso na bancada, mas que, acabando a eleição, os deputados terão que fazer um debate sobre esse assunto. Ele também defende que uma das possibilidades é a instituição da lista fechada.
— A lista fechada é uma opção, porque fortalece os partidos e traz uma solução para a questão do financiamento. A volta do financiamento empresarial é inviável, então tem que discutir uma alternativa que resolva essa questão — afirma.
No PSDB, a visão é distinta. O partido se posiciona contra a lista fechada, mas admite que será preciso analisar alternativas após esta eleição. O líder tucano na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), disse que não há ambiente no Congresso para discutir esse assunto este ano e quer, inclusive, desestimular esse debate. Para Imbassahy, é preciso aguardar o encerramento dessas eleições antes e, até o fim deste ano, apoiar apenas mudanças que tramitam, como a PEC de autoria de senadores do PSDB que proíbe coligações e estabelece uma cláusula de barreira.
— Essas eleições são um laboratório de como fazer campanha sem financiamento empresarial. Temos que esperar, ver como foi no final, para depois fazer uma avaliação disso. Tenho ouvido as pessoas falando de lista fechada, é uma conversa que está tomando corpo. Mas em nenhum momento vi o PSDB animado com isso — pontuou.
O líder do PT, Afonso Florence (BA), reforça que seu partido sempre defendeu esta tese. Já os líderes de partidos do Centrão, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e Rogério Rosso (PSD-DF), não são categóricos, mas se mostram abertos ao debate.
Aguinaldo diz que não há uma posição majoritária sobre o assunto na bancada, mas reconhece que a lista pode ser uma opção. No entanto, ela teria que vir acompanhada de outras medidas, como financiamento público. Para ele, a minireforma eleitoral aprovada em 2015 foi um “arremedo de solução” e agora são necessárias medidas ousadas. Ele disse que vai defender que a discussão em torno de uma nova reforma política aconteça imediatamente após as eleições municipais.
Já Rosso afirma que ele, pessoalmente, é a favor da lista fechada, mas que ainda não sabe a posição da bancada. O PSD é favorável à coligação proporcional e à cláusula de barreira. A lista, diz, é uma espécie de cláusula de barreira e, por isso, ele vê “com bons olhos”.
Fonte : Jornal O Globo