Estudiosos do tema “Educação Ambiental” ministraram palestras no II Simpósio Regional de Educação Ambiental, ocorrido em 15 de junho, na Sala Osasco. A primeira palestra abordou o tema “5 histórias e 5 estratégias para compreender e superar as armadilhas e obstáculos da agenda ambiental”. A segunda temática foi “Macrotendências político-pedagógicas da Educação Ambiental”.
O engenheiro agrônomo Luiz Antonio Ferraro Jr., professor dos Mestrados de Educação e de Modelagem Ambiental (UEFS), Ecologia e Biomonitoramento (UFBA) e Superintendente da SEMA-BA, apresentou a teoria crítica, a pesquisa-ação, a ecologia política e a colonialidade.
“O processo de degradação profunda do meio ambiente está ligado ao tempo. Não estamos evoluindo e avançando na agenda ambiental quanto deveríamos. Para que isso aconteça precisamos compreender o envolvimento da sociedade em políticas públicas e, assim, vamos melhorar os espaços de participação que são fragilizados”, disse Ferraro.
Segundo o especialista, na educação ambiental há assimetria e déficit de informação, há baixa capacidade de interpretação crítica e, sobretudo, desigualdade e falta de coesão social. “O Brasil não tem condições de enfrentar nem a degradação ambiental e nem o risco social”.
No quesito desenvolvimento dos setores ambientais, Ferraro citou a criação de cursos e setores especialistas, mercado de soluções parciais (água, condomínio, certificação de produtos, orgânicos) e mercado como regulador de absorção de novas tecnologias. “O mercado funciona para muitas coisas, mas para gerir saúde e meio ambiente ele não funciona”, explicou o engenheiro.
Em setor ambiental público, Luiz Ferraro falou dos equívocos da agenda verde como as unidades de conservação e florestas. “A educação ambiental deve se revolucionar totalmente. Para isso, deve investir em comunicação ambiental, oferecer e fortalecer alternativas populares ambientais, formação de quadros ambientais e inversão de controle ambiental. A qualidade ambiental está ligada à democracia, justiça e igualdade.”.
Segundo o especialista, uma boa ferramenta de inspiração e espelho é o Observatório Cidadão de Piracicaba instrumentaliza a sociedade para melhor compreensão e participação nos processos decisórios locais. O cidadão pode contribuir com o monitoramento, avaliação e aprimoramento das políticas públicas desse município.
Macrotendências político-pedagógicas da Educação Ambiental
O palestrante Philippe Layrargues, professor adjunto do curso de Gestão Ambiental da UNB e pesquisador do Laboratório de Investigações em Educação, Ambiente e Sociedade da UFRJ, discorreu sobre as mudanças necessárias para a construção de bases sólidas para a educação ambiental.
A partir da abordagem “De onde viemos, onde estamos e para onde vamos?” o pesquisador abordou temas relevantes como elaboração teórica da identidade idealizadora e padronização de um conceito unificador universal para a educação ambiental (EA); os vários modos de pensar e fazer a EA e sua diversificação pedagógica; politização e posicionamento ideológico da EA crítica se distingue ideologicamente voltada à transformação social; agrupamento da diversidade em conjuntos as macrotendências e a superação do modelo desenvolvimentista.
“A educação ambiental não se conjuga mais no singular. Temos educação sobre o meio ambiente – onde ele é objeto de aprendizagem. Temos a educação no meio ambiente, onde ele é um meio de aprendizado. E educação para o meio ambiente quando ele passa a ser meta de aprendizado”, resumiu Philippe Layrargues.
Segundo o pesquisador, sob a perspectiva ambiental a pergunta que devemos fazer é “Que planeta vou deixar para as futuras gerações?”. Na perspectiva educativa a pergunta é “Que crianças vamos deixar para o Planeta?
“A propaganda do consumo gera lixo em proporções crescentes. Por isso, a importância em trabalhar o socioambiental com catadores, cooperativas. Os resultados da educação ambiental dependem da nossa intencionalidade e aonde quero chegar com essa educação ambiental no cotidiano”, concluiu Philippe Layrargues.
Após palestras, o microfone ficou aberto às perguntas, comentários ou esclarecer dúvidas dos participantes.
Avaliação do Simpósio
No geral, os participantes avaliaram positivamente os palestrantes, apresentação e disposição dos banners e as discussões nas salas temáticas do Simpósio.
“Estamos acostumados a atrasos e isso não aconteceu. Seguiu-se direitinho o horário da programação. Fizemos as bolsas produzidas de lonas que foi distribuída como brinde. Parabéns a todos os organizadores do evento”, comentou a psicopedagoga Maristela Leamare, também presidente do Centro de Ação Socioambiental (Ceaso).
Para Silzeni Angelo Lopes, coordenadora de Educação Ambiental da Sema Osasco, o simpósio superou todas as expectativas da equipe organizadora. “Tivemos mais de 300 inscritos, com apresentação de mais de 40 painéis e vários artigos com os temas propostos como resíduos sólidos, recursos hídricos e biodiversidade. Infelizmente, alguns artigos com tema de grande relevância como Cidades Resilientes, não puderam ser apresentados por serem encaminhados após o período de inscrições”.
“Os painéis proporcionaram troca de experiências e o compartilhamento de práticas positivas e inovadoras para divulgar e sensibilizar a comunidade quanto a importância do cuidado com o ambiente em que vivemos para melhor qualidade de vida, tanto dos seres humanos, quanto dos animais e o equilíbrio dos ecossistemas no planeta”, completou Silzeni.
As palestras ministradas pelos professores doutores (Ferraro e Philippe) foram momentos indescritíveis de saberes, experiências e estudos do meio acadêmico que proporcionaram reflexão quanto aos aspectos políticos, sociais e ambientais envolvidos na Educação Ambiental.
“Outro ponto fundamental que não poderia deixar de mencionar foi o comprometimento, companheirismo, responsabilidade e ética profissional da equipe organizadora do evento que envolveu os municípios de Osasco, Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba e Taboão da Serra. Sem a parceria e o respeito entre estes profissionais o evento não seria o sucesso que foi, por isso parabenizo toda a equipe”, finalizou Silzeni Lopes.
Segundo Amanda França, coordenadora da Sema Osasco, as apresentações dos palestrantes serão enviadas por e-mail aos participantes do evento. O resultado das discussões sobre os trabalhos das salas temáticas também será apresentado em um relatório final posteriormente analisado pelos municípios envolvidos, afim de aplicar as conclusões em métodos de trabalho.
Fonte e fotos : PV Osasco