A Anistia Internacional está preocupada com o agravamento da violência contra o povo Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul. Em nota divulgada na segunda-feira (31), a entidade destacou que a área Ñanderú Marangatú é uma terra indígena tradicional Guarani e Kaiowá e, além de demarcada, foi homologada em 2005.
No sábado (29), um ataque ao local, no município de Antônio João, provocou a morte do índio Simião Vilhalva e deixou mulheres e crianças feridas.
A assessora de Direitos Humanos da Anistia Internacional, Fátima Mello, disse em entrevista à Agência Brasil que a entidade acompanha há algum tempo a situação dos índios Guarani e Kaiowá, especificamente na comunidade de Apicaí, onde já foram lançadas duas ações urgentes da Anistia e houve denúncias de lideranças indígenas locais.
“Nosso secretário-geral visitou a comunidade de Apicaí. Essa é uma preocupação permanente da Anistia, por causa das sistemáticas violações de direitos humanos dos povos indígenas do Mato Grosso do Sul”, afirmou Fátima Mello.
A assessora informou que, antes do ataque do fim de semana, já vinham se desenhando situações de despejos contra algumas comunidades e a não aplicação da destinação de terras a elas. “Existem ordens de despejo sendo emitidas contra as comunidades, apesar delas já estarem em situação de crise humanitária como a gente define. Várias vivem em acampamentos em beira de estrada. A comunidade de Apicaí teve oito pessoas atropeladas por conta dessa precariedade”, destacou.
A nota da Anistia informou ainda que, cerca de 10 anos após a decisão da homologação das terras, há uma semana, os indígenas decidiram retomar suas terras ocupadas por fazendeiros locais. A Anistia acrescentou que, em junho de 2015, homens armados atacaram uma comunidade Guarani Kaiowá, deixando duas crianças desaparecidas. Além do ataque de sábado, no domingo (30) foram registradas denúncias da presença de fazendeiros e pistoleiros em áreas da Ñanderú Marangatú.
A Anistia Internacional se uniu a organizações do Mato Grosso do Sul e a outros povos indígenas mobilizados em diversos estados, a fim de pedir que as autoridades tomem iniciativas para suspensão imediata da violência contra os índios Guarani e Kaiowá e por uma rápida investigação do caso.
Fátima Mello lembrou que a Anistia é uma organização internacional que luta pelos direitos humanos no mundo e sempre atua com parceiros locais. No caso dos Guarani e Kaiowá, a entidade apoia as demandas formuladas por eles, entre elas a demarcação da terra, que, segundo ela, está parada.
“O que estamos apoiando e dando voz é que a violência contra eles seja suspensa imediatamente e a morte do indígena Simião apurada de forma independente.”
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) publicou na segunda-feira no site da entidade uma nota exigindo do governo federal rigor na apuração dos fatos e a punição dos autores intelectuais e materiais da morte de Simião Vilhalva.
Até o fechamento desta matéria, o Ministério da Justiça não havia se manifestado sobre os pedidos da Anistia e da APIB.
Fonte: Agência Brasil