A morte do leão Cecil, símbolo do Zimbábue, pelo americano Walter Palmer, no mês passado, levou o líder do Partido Verde, deputado Sarney Filho (MA), a apresentar, na Câmara dos Deputados, projeto de lei (PL 2495/2015) que proíbe e criminaliza a entrada de troféus de caça, de qualquer origem, no país. O texto prevê pena de reclusão, de um a três anos, e multa para quem incorrer no crime, e o aumento da pena em cinquenta por cento, caso a caça seja praticada contra espécie rara ou ameaçada de extinção.
De acordo com Sarney Filho, a proposta visa, primordialmente, a proibição da entrada no país dos troféus de caça, oriundos do abate de animais da fauna silvestre exótica. “Não estamos interferindo nas normas internas de quaisquer países, muito menos proibindo a caça para fins de restauração do equilíbrio ecológico, ou a pretexto de controle populacional. O que queremos, ao proibir a entrada no nosso país dos troféus de caça, é contribuir, de forma decisiva, para a proteção de todas as espécies, especialmente aquelas ameaçadas ou em risco de extinção”, justifica.
No projeto, Sarney Filho chama a atenção não só para o risco, cada vez mais concreto, dos leões e outras espécies, principalmente da fauna africana, entrarem em franco processo de extinção, mas também de se caminhar para um processo irreversível de desequilíbrio ecológico global. “Hoje, estima-se que a população de leões na África, brutalmente reduzida em cerca de 60% nos últimos trinta anos, esteja em torno de trinta mil indivíduos, dos quais se estima que seiscentos sejam covardemente abatidos anualmente”, ressaltou.
Ele acredita que, se a medida proposta entrar em vigor, haverá uma significativa diminuição da motivação dos caçadores, visto que, para a grande maioria, a caçada somete é exitosa se os “valorosos troféus” puderem ser exibidos.
A comoção mundial com a morte do leão Cecil provocou até mudanças de regras nas principais companhias aéreas dos Estados Unidos. A United Airlines, a American Airlines e a Delta decidiram proibir o transporte de grandes troféus de caça, após a morte polêmica do leão.
A primeira companhia a adotar a medida foi a Delta, que faz voos entre os EUA e a África do Sul, tendo anunciado a entrada em vigor da proibição de transporte de troféus de caça de animais de grande porte na segunda-feira (3), por meio de comunicado.
“Com efeito imediato, a Delta proíbe, em todo o mundo, o transporte de carga de troféus de leões, leopardos, elefantes, rinocerontes e búfalos”, explicou a companhia.
A Delta destacou que, até o momento da decisão, aceitava apenas transportar troféus que cumprissem, de forma rigorosa, todos os regulamentos governamentais relativos às espécies protegidas e adiantou que irá rever o transporte relacionado aos troféus de caça em relação a outros animais além dos mencionados.
Horas depois de a medida ter sido anunciada pela Delta, outras duas companhias aéreas, a United Airlines e a American Airlines, também anunciaram a proibição do transporte de caça dos cinco animais mencionados.
A morte do leão está sendo investigada pelo Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos, para descobrir se a morte está relacionada à rede de tráfico ilegal de animais.
De acordo com o Instituto para a Conservação do Zimbábue (ZCTF, em Inglês), Palmer participou de uma caçada à noite no Parque Nacional Hwange, no Oeste do país, no dia 6 de julho.
O leão Cecil, de 13 anos, teria sido atraído por uma presa amarrada a um veículo como isca, a fim de retirá-lo do parque, para que não fosse considerada tecnicamente caça ilegal.
“Palmer disparou contra Cecil um tiro com arco e flecha, mas o disparo não o matou. Seguiu-o até o encontrar novamente, 40 horas depois, e disparou com uma arma”, disse o presidente da ZCTF, Johnny Rodrigues.
Fonte :Assessoria de comunicação Lid/PV com informações da Agência Brasil