Terminou ontem em La Paz, capital da Bolívia, a XIV Assembleia Anual da Federação dos Partidos Verdes das Américas (FPVA), que reúne 10 partidos ecologistas das três Américas.
A Assembleia elegeu por unanimidade a nova junta executiva dos Verdes nas Américas, que marcou a volta do Brasil à direção da FPVA. Fabiano Carnevale, Secretário de Relações Internacionais do PV Brasil, foi eleito co-Presidente. Além dele, compõem a nova direção, A mexicana Pat Doneau e o chileno Pablo Peñalosa, que assumirá a Co-Presidência Executiva.
Com a eleição, o Brasil volta a ter assento também na Global Greens, organização internacional dos Verdes. A Secretária Nacional de Juventude, Julia Dupprè, apresentou o plano de ação para a juventude, que culminará no I Encontro dos Jovens Verdes das Américas, a ser realizado no Chile, em janeiro de 2015.
Leia abaixo a íntegra do discurso proferido por Carnevale durante a Assembleia:
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Irmãs e irmãos verdes,
Companheiras e companheiras de sonhos,
É com muita satisfação que recebo a indicação para me candidatar a co-Presidência desta Federação. Quando em 1999 estive en Oaxaca para o encontro “Milênio Verde” (embrião da atual Global Greens), não poderia inaginar que, passados quatorze anos, eu estaria aqui nessa situação.
Quando me filiei ao Partido Verde, aos 17 anos de idade, o fiz por acreditar que não havia força política mais interessante e provocativa do que o ecologismo. Quase 20 anos depois, mantenho a mesma impressão. Não existe força política tão atual e com tanta capacidade de intervir nos principais debates políticos mundiais do que os verdes.
As crises economica, ecológica e social geradas pelo capitalismome pelo socialismo, somente encontram respostas no dinamismo e vivacidade da ecologia política. Que não existe saída para a humanidade senão na compreensão de que os recursos naturais são finitos e que o consumismo sem freio vai nos levar a extinção.
E também não existe resposta mais contundena onda conservadora que toma de assalto aos países latinoamericanos do que a defesa intransigente dos direitos humanos e das liberdades individuais que o ecologismo sempre defendeu como bandeiras clássicas. Que as mulheres possam decidir sobre seu corpo, que as pessoas possam escolher o que consomem. Em resumo, que a felicidade não pode ser medida pela lógica do mercado, que nossas vidas não podem ser consideradas como uma mercadoria.
Os inimigos do ecologismo (à direita e à esquerda) no nosso continente nos acusam de estarmos defendendo uma ideologia europeia e do futuro. Precisamos dizer que o ecologismo é uma questão cósmica. E dizer que estamos falando do presente, pois temos claro que se a humanidade não fizer o que precisa ser feito agora, não teremos um futuro. Como dizia Petra Kelly, uma das fundadoras do ecologismo: “se não fizermos o impossível, seremos confrontado com o impensável”.
E aqui está o grande objetivo da nossa Federação: fazer o impossível. O que estamos escutando nas ruas em Madrid, no Rio de Janeiro, Cairo, Santiago, etc. é que os partidos políticos não dão conta de gerir os sonhos e desejos das pessoas. Que as estruturas tradicionais de poder não são mais capazer de envolver os cidadãos. É preciso escutá-los e compreender-los. Não podemos apenas dizer que somos diferentes. É preciso ser diferente. Precisamos incorporar nossos discursos libertários na nossa prática cotidiana dos nossos partidos. Não nos basta mais ser um bela filosofia, precisamos de estruturas que deem conta das novas formas de participação. É fundamental que nos estabeleçamos como um espaço de pluralidade. Que o poder da maioria não sufoque a legitimidade das minorias.
E eu acredito que aqui já estamos um passo adiante. Penso que a direçao que assumirá agora, pela primeira vez na história da FPVA, não precisará começar do zero. É preciso reconhecer que o trabalho de Manuel Días e Margot Soria nos deixa um caminho muito menos espinhoso pela frente. E devemos a eles muita gratidão por isso. Obrigado, Manuel, obrigado Margot pela sua incansável dedicação e entusiasmo na construção e consolidação da nossa Federação.
Mas também não posso deixar de reconhecer o trabalho dos pioneiros. De Jorge Gonzalez, Manuel Baquedano, Marco Mroz e tantos outros transformaram um ideal em realidade.
E eu tenho a obrigação moral de fazer um agradecimento especial a Marco Antonio Mroz, que acompanhei por tantas e tantas vezes nas arenas internacional dos Verdes. A ele devo este momento de agora. Mesmo que as vicissitudes da vida política nos tenham levado a campos distintos, não posso e não quero deixar de reconhecer que o seu papel na construção da política internacional verde (seja na Federação seja na Global Greens) é fator determinante para que agora eu possa estar aqui nessa situação tão privilegiada.
Quero também agradecer aos meus companheiros da Executiva Nacional do Partido Verde brasileiro. Pela confiança e pela paciência. Sem eles, eu também não estaria aqui. Agradeço especialmente a Julia Dupprè, companheira e cúmplice de tantos sonhos e desejos de uma política mais ética e combativa. Que tem estado presente em todas as últimas reuniões internacionais junto comigo, sempre com o mesmo entusiasmo e competência. Muito obrigado, companheira. Compartilho contigo a crença para que a juventude seja protagonista de uma mudança contundente na forma de fazer política.
E por fim, agradeço a todas e todos os verdes das Américas pela confiança. Que eu possa estar a altura da responsabilidade que vocês hoje me outorgan. Que as Américas possam ser uma única e grande pátria.
Muito obrigado, muchas gracías, very thank you, merci beaucoup.
Fonte: Fabiano Carnevale