Outro dia retwitei um americano que chamou a atenção no Twitter para o fato de que o mesmo óleo que faz máquinas funcionarem, ingerido pelo homem pode fazer a dele parar.
Peço permissão para fazer uma comparação com a questão do significado do petróleo para a principal região produtora do “ouro negro” no Brasil, aqui no Estado do Rio.
O mesmo petróleo que faz a região funcionar pode matá-la, inclusive quando não mais puder alimentá-la.
O exemplo mais marcante do País está em Macaé.
Antes poeticamente conhecida como “A Princesinha do Atlântico”, hoje a cidade é chamada de “Capital Nacional do Petróleo”, “A Texas Brasileira”. Nada poético.
A mudança de alcunha tem tudo a ver com as épocas extremamente diferentes pelas quais passou e passa a Cidade.
Um dos símbolos da Macaé-poesia, bem me lembro, era um bar chamado “Redondo”, no bairro Imbetiba, perto do Centro.
Exatamente ali, hoje, estão algumas das principais instalações da Petrobrás.
Na época áurea do Redondo, Macaé tinha em torno de 40 mil moradores. Mais parecia uma grande família, “todos se conheciam”, etc.
De repente, com o advento da era do petróleo, vieram o “progresso” e suas conseqüências, que todos sabemos quais são.
Como Macaé não é uma ilha ou um principado independente, tudo o que acontece nela influencia as cidades da região e vice-versa.
Sua população “oficial” é acrescida diariamente por dezenas de milhares de moradores de cidades vizinhas, trabalhadores de fora e turistas.
Como polo, acaba recebendo mais problemas do que exporta, claro.
O petróleo um dia acaba. Com isto o “progresso” também vai embora.
Caso não haja, desde agora, já, uma real e concreta busca de alternativas à indústria do petróleo, quando ela se for ficarão: desempregados, desabrigados, elefantes brancos e por aí vai.
Este é um dos maiores desafios, não de Macaé, mas de toda a chamada região produtora.
Os outros são os de qualquer cidade: saneamento, educação, moradia, saúde, segurança, emprego, mobilidade, ou seja, Sustentabilidade.
A tarefa é de todos. Principalmente dos que já tem boa consciência quanto tudo isto.
Fernando Guida – www.guidapv.wordpress.com