Durante o fim de semana, o jornal O Globo publicou uma série de reportagens sobre o povo Awá-Guajá, um grupo de pouco mais de 400 indígenas de recente contato, que povoa o que resta de mata nativa no estado do Maranhão. A história de resistência contra o desmatamento e o extermínio da população conhecida como a “mais ameaçada do planeta” foi documentada pela repórter Míriam Leitão e pelas lentes do renomado fotógrafo Sebastião Salgado, durante expedição pela Aldeia Juriti. Recentemente, na semana em que se comemora o Dia do Índio, o Greenpeace também esteve na Terra Indígena Caru, relatando o cotidiano de luta dos Awá pela sobrevivência de seu povo e da floresta que eles habitam e protegem.
Cercados por municípios que dependem da extração de madeira, os Awá são um dos últimos povos caçadores e coletores. “Historicamente, toda a subsistência deles está na caça e na coleta. Eles dependem diretamente da floresta para viver”, explicou ao Greenpeace o antropólogo Uirá Garcia, professor da Unicamp que estuda esse povo há mais de dez anos, e que também acompanhou a equipe de O Globo.
Junto com a Reserva Biológica do Gurupi, o território dos Awá-Guajá forma um mosaico de áreas protegidas, chamado “Mosaico Gurupi”. Mesmo sendo uma região com alto nível de proteção ambiental, dentro dessa área também estão grileiros e madeireiros que derrubam inconsequentemente a floresta, encurralando os índios. “Essa área da Amazônia é única, porque é a porta de entrada da floresta, e algumas espécies só existem lá”, diz a reportagem.
Os Awá estão fugindo do contato com os brancos por quase 500 anos, para preservar sua forma de viver na floresta. É das árvores e da mata densa que eles tiram o seu alimento, a certeza da continuação de seu povo. Eles foram contatados a partir de 1979, e alguns indivíduos permanecem fugindo. Apesar de sua terra já estar demarcada, homologada e registrada pela União, eles enfrentam uma ameaça real. Ainda que a Justiça já tenha determinado a retirada dos não índios de seu território, os Awá temem pela própria sobrevivência.
“Ao ficarem tão aferrados, tão vinculados à terra, esses índios estão na verdade prestando um serviço ambiental a todos os brasileiros. Nós precisamos da floresta também, nós precisamos que eles estejam lá. Precisamos que eles sobrevivam. Precisamos dessa sociodiversidade que o Brasil tem. O Brasil precisa da sua diversidade – de gente e de floresta. Eles ajudam”, diz o depoimento emocionado de Miriam Leitão em um dos vídeos publicados no portal online do veículo.
Fonte: Greenpeace Brasil