Organizações Não Governamentais de defesa da Mata Atlântica repudiaram a aprovação pela Câmara dos Deputados do Projeto de Lei nº 7123, de 2010, que propõe a abertura da Estrada Caminho do Colono, cortando ao meio o Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu no Paraná.
O relatório final do projeto de Lei foi aprovado no último dia 03 de abril pela Comissão Especial com o único voto contrário da Deputada Federal Rosane Ferreira (PV-PR). Em seu voto em separado, Rosane considera uma temeridade a decisão, “por descaracterizar o Parque, patrimônio da humanidade, bem como por abrir um precedente perigoso para que outros parques nacionais sejam desfigurados”.
Com 17,6 quilômetros de extensão, o antigo Caminho do Colono corta a área mais protegida do Parque Nacional do Iguaçu, um dos últimos remanescentes do bioma Mata Atlântica do Brasil, na qual é proibida a visitação de turistas. Segundo parque nacional criado no Brasil, em 1939, abriga um conjunto natural de tal magnitude que se tornou a primeira Unidade de Conservação do Brasil instituída como Sítio do Patrimônio Mundial Natural pela UNESCO, no ano de 1986.
Fechada em 2001 por decisão do Governo brasileiro, a floresta já ‘apagou’ o traçado da estrada e deve continuar a ser protegida em sua integralidade como determina a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). De acordo com informações do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, atual gestor do Parque, o leito da antiga estrada está coberto por uma formação florestal em franca regeneração.
O antigo traçado não existe mais. Foto: Blog Boca Maldita
Assim como o Instituto Chico Mendes, outras entidades também repudiaram a decisão da Câmara Federal, como a Rede de ONGs da Mata Atlântica, a Fundação SOS Mata Atlântica, o Instituto Socioambiental e a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi).
Todos estão de acordo de que a estrada do colono não pode ser classificada como uma estrada-parque, porque sua reabertura, visando atender interesses puramente privados, trará um impacto irreparável à única área conservada que sobrou no extremo oeste do Paraná e que beneficia toda a comunidade, com a prestação de serviços ambientais.
No caso do Parque Nacional do Iguaçu já existe uma verdadeira estrada-parque que é aquela que leva às Cataratas. Reabrir a Estrada do Colono significa também abrir o Parque para que contrabandistas, traficantes de drogas e de armas possam se valer da floresta como rota de contrabando e de fuga, destruindo a floresta e dificultando o trabalho dos órgãos de controle e fiscalização.
PV.PR