O líder do Partido Verde, deputado Sarney Filho (PV-MA), conclamou o Congresso Nacional a não ceder “a uma visão fácil, ao argumento falacioso de que é preciso derrubar a floresta para o país desenvolver”, durante a Vigília pela Amazônia que terminou na madrugada de hoje. O ato, realizado no Plenário do Senado, contou com as presenças dos presidentes do Senado, José Sarney e da Câmara, Michel Temer, além de parlamentares e representantes de movimentos ambientalistas de todo o país. José Sarney, em seu discurso, defendeu que todas as gerações assumam o dever de preservar a Amazônia. “Quem tem a Amazônia não tem medo do futuro”, afirmou o senador.
Sarney Filho alertou que a questão ambiental enfrenta nesse momento uma situação delicada no Congresso Nacional. “Nós políticos estamos vivendo um momento aqui em que se tenta em todas as medidas provisórias colocar armadilhas para que ocorra um retrocesso na legislação ambiental”, disse o deputado. Ao mesmo tempo, ele lembrou que pesquisa do Datafolha, aponta que 94% dos brasileiros preferem que haja menos produção e que as matas fiquem em pé. “O povo brasileiro decidiu que quer a Amazônia preservada e, diante disso, nós não podemos entrar na linguagem fácil daqueles que querem o desenvolvimento a qualquer custo”, reforçou o líder.
“Espero que esta vigília se transforme em resultados concretos e que daqui saiam decisões de todos os partidos para que não se cometam retrocessos. Agora mesmo, na Câmara, estão querendo fazer um destaque em que se retiram todas as condicionantes ambientais na legalização das posses e de áreas griladas, prevista nessa Medida Provisória 458”, afirmou o deputado.
“Nós, que estamos aqui no Congresso, lideranças de todos os partidos, temos que ter a responsabilidade de saber que os serviços ambientais que a Amazônia presta, presta à humanidade, presta à vida no planeta Terra têm que ser preservados”, prosseguiu o deputado.
A nova economia que se apresenta hoje, reforçou o líder, é a economia ecológica. “Este modelo é o de baixo consumo de gases do efeito estufa e a Amazônia, nesse caso, representa um diferencial a favor do Brasil. O mundo, hoje, está passando por dificuldades ambientais. “O Nordeste está debaixo d’água e não se tem notícias de que as enchentes já tenham existido nessas proporções. Nós estamos vendo secas também, e será que com tudo isso, ainda há pessoas que pensam que desmatar a Amazônia é a solução para o nosso desenvolvimento?”, questionou Sarney Filho.
O líder voltou a defender que o país precisa decidir de vez o que se deseja para Amazônia. “Queremos a Amazônia como uma fronteira agrícola a ser vencida, utilizando o processo histórico que dilapidou o nosso patrimônio na Mata Atlântica e no Cerrado, ou nós queremos a Amazônia como um bioma que presta serviços a humanidade? Precisamos desmatar a Amazônia para crescer ou precisamos da Amazônia para que esse crescimento seja consolidado”, questionou Sarney Filho.
A vigília lotou o Plenário do Senado a partir de 18h30 de quarta-feira e contou com a entrega do documento Amazônia Para Sempre, que reúne mais de um milhão de assinaturas pedindo a preservação da floresta. O documento, que foi trazido ao Senado em vários carrinhos, é resultado de dois anos de viagens por todo o país dos atores Christiane Torloni e Victor Fasano para recolhimento de assinaturas.