Com o objetivo de levantar informações sobre o perfil dos participantes das atuais manifestações que acontecem no Brasil, o IBOPE Inteligência, a pedido da rede Globo, ouviu 2002 pessoas, em oito capitais brasileiras, durante as manifestações do último dia 20 junho.
Na pesquisa, a maioria dos manifestantes dizia não se sentir representada por partido (89%) ou político brasileiro (83%). Entre os entrevistados, 96% alegaram não ser filiados a nenhum partido político e 86% não eram filiados a nenhum sindicato, entidade de classe ou entidade estudantil.
Quando questionados sobre quais as reinvindicações que os levavam às ruas, 38% dos entrevistados apontaram a questão do transporte público como primeiro motivo de mobilização.
Na sequência, aparecem as reivindicações para mudanças no ambiente político (30%), na saúde (12%) e na PEC 37(6%).
Quando considerada a soma de todas as questões mencionadas pelos manifestantes, 65% reivindicavam mudanças no atual ambiente político, 54% no transporte público e 37% na área da saúde.
No tocante ao atual ambiente político, 49% dos manifestantes responderam lutar contra a corrupção e desvios no dinheiro público, enquanto 11% alegavam a necessidade de mudança e 10% se diziam insatisfeitos com os governantes de forma geral.
Em relação ao transporte público, 41% se mostravam contra o aumento da tarifa, sendo favoráveis a sua redução, e 14% protestavam pela precariedade do sistema oferecido à população.
Nas ruas
Ir às ruas para protestar é um hábito novo para 46% dos entrevistados, que antes do início de junho nunca tinham participado de manifestações.
Entre os manifestantes, 65% afirmaram ter ido aos protestos acompanhados de amigos ou colegas, 22% foram sozinhos, enquanto 11% estavam na companhia do conjugue e 8% protestavam ao lado de irmãos ou parentes.
Redes sociais
Segundo a pesquisa, 62% dos manifestantes, que participaram das passeatas do último dia 20, souberam do evento pelo Facebook. Há também 29% que se informaram pela internet através de outros meios e 28% por meio de amigos e colegas.
O engajamento nas redes sociais foi realmente grande. De acordo com os dados, 75% dos manifestantes convocaram outras pessoas para participar das manifestações pelo Facebook e Twitter.
Atuação da polícia e depredações dos manifestantes
Para a maioria dos manifestantes (66%), as depredações de bens públicos e privados nunca são justificadas, independente das circunstancias do protesto, ao passo que, para 28%, as depredações são legítimas em certas circunstâncias e para 5% elas são sempre justificadas.
Em relação à atuação da polícia para conter as manifestações, 57% dos manifestantes a consideraram muito violenta, enquanto 24% acreditam que houve violência, mas sem exageros.
Mudanças
Entre os manifestantes, 94% acreditam que os protestos vão conseguir promover as mudanças reivindicadas.
No caso da redução das tarifas do transporte público, 46% dos manifestantes acreditam que o governo deve arcar com os custos da mudança. Já outros 29% dizem que os custos devem ser repassados aos empresários e 21% consideram que os gastos devem ser divididos entre os dois.
Sobre a pesquisa
O IBOPE Inteligência ouviu 2002 manifestantes, em oito capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Fortaleza, Salvador e Distrito Federal), no dia 20 de junho. A margem de erro é dois pontos percentuais e o intervalo de confiança é 95%.
Fonte : IBOPE