Do jornal O Estado de S. Paulo:
Batizado de Movimento pela Transparência (MPT), o grupo de deputados e senadores fundado nesta semana para fazer avançar iniciativas contra a impunidade terá como primeira missão levar à votação na Câmara, em segundo turno, a emenda constitucional que acaba com o voto secreto em plenário, até mesmo para cassação de mandatos.
A proposta foi aprovada em primeiro turno pelos deputados em setembro de 2006, mas acabou abandonada. Por alterar a Constituição, tem de ser aprovada em dois turnos na Câmara e depois submetida ao Senado. Na próxima semana, o movimento levará a reivindicação de incluir o projeto na pauta de votações aos líderes partidários e ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) disse duvidar de um acordo para a votação. “Acho que vai ter que ser com pressão mesmo”, afirmou. “Vamos ao Colégio de Líderes e começaremos a denunciar os caras que estão contra a votação. O fato de não deixar ir a plenário é autoritário. Quem for contra tem de votar contra. Temos de explicitar quem é contra a votação”, afirmou Gabeira, que deverá assumir a coordenação do movimento. A primeira reunião de trabalho aconteceu na noite de terça-feira e reuniu 27 deputados e dois senadores de sete partidos, entre governistas e oposicionistas.
Outra bandeira será levada ao Senado, onde os parlamentares farão pressão para que, a exemplo da Câmara, sejam divulgadas as prestações de contas dos gastos dos senadores com a verba indenizatória – benefício de R$ 15 mil mensais para despesas com o exercício do mandato. Presente à reunião, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que, sem citar nomes, apontou a prática de corrupção em seu partido, prometeu reunir entre seis e oito senadores no próximo encontro, marcado para terça-feira que vem. O outro senador presente foi o líder do PSB, Renato Casagrande (ES).
Entre os deputados, estiveram representantes do PMDB, do PSDB, do DEM, do PPS, do PSB, do PSC e do PV. Segundo Gabeira, a estratégia do grupo é fazer “pressão continuada até o ano eleitoral” de 2010. “Pode dar bons resultados. Em ano de eleição, os políticos não podem entrar em choque com a opinião pública”, disse o parlamentar do PV.