Uma das definições do brasiliense nas quatro primeiras décadas de Brasília era a de um ser dividido em cabeça, tronco e rodas. Na cidade de vias largas e distante de projetos de mobilidade urbana, o morador da capital da República podia ser confundido com uma criatura metade homem, metade carro.
A referência foi perdendo sentido ao longo dos últimos anos. Brasília foi pioneira nas faixas de pedestres e ampliou de certa forma, a partir de iniciativas da própria sociedade, a consciência sobre mobilidade. Mas ainda está longe de ser cidade sustentável.
A capital tem clima e relevo favoráveis. Mas, ao longo dos últimos 60 anos, desde o primeiro projeto da cidade, em 1957, nunca conseguiu pensar as bicicletas como meio de transporte efetivo, para além do lazer nos fins de semana e feriados.
A partir de pedaladas e entrevistas com profissionais ligados à gestão ambiental, ciclistas e familiares de mortos no trânsito — além do cruzamento de dados geográficos e populacionais —, um dossiê foi montado em capítulos.
Aqui, há uma média de 1 bicicleta para cada 10 habitantes, um número que parece razoável a princípio, mas distante ainda de países europeus como a Holanda, onde determinadas regiões têm mais bikes do que gente e o veículo de duas rodas foi incorporado ao cotidiano do cidadão. Selo: Made in Brasilia – Aniversário de Brasília Brasília neste caso é um ensaio, onde ciclovias parecem procurar uma cidade.
Fonte : Correio Braziliense