Após cinco dias de vigília, Eduardo Jorge, ex-secretário do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo, será ouvido pelo vereadores na Câmara Municipal de São Paulo. O Colégio de Líderes deferiu o pedido do ex-secretário e os vereadores irão receber Eduardo Jorge, nesta quarta-feira (27), às 15h, antes da Sessão Legislativa da Casa.
Eduardo Jorge, que desincompatibilizou-se do cargo no 1° de junho, vai ter a chance de defender-se das acusações de ter facilitado a aprovação de compensações ambientais referentes ao projeto de reforma de um shopping center localizado na área central de São Paulo.
O ex-secretário manteve-se em vigília diuturnamente no plenário externo da Câmara Municipal de São Paulo desde a última sexta-feira, para prestar todo e qualquer esclarecimento sobre o caso, seja para o cidadão comum, como para a imprensa ou representante de qualquer esfera de poder. “Vou permanecer em vigília pelo tempo que for necessário”, diz ele. “Não se ataca a honra de uma pessoa impunemente. Quero que essa pessoa prove o que disse, caso contrário, será processada. Vou até o fim na luta pela minha integridade.”
O caso tem gerado uma série de suspeitas não só entre lideranças verdes como por parte de adversários políticos. No final da tarde desta segunda-feira (25), Luiza Erundina (PSB), ex-candidata a vice na chapa petista, compareceu ao plenário para prestar solidariedade a Eduardo Jorge. O que se tem discutido é a quem interessa uma acusação dessa natureza, em pleno início de uma campanha eleitoral, em que Eduardo Jorge é um dos nomes mais cotados para ocupar a vaga de vice-prefeito na chapa encabeçada por José Serra. Tanto na Câmara , como nos bastidores da política paulista, a denúncia é vista com total descrédito. Há um senso comum de que ninguém que conheça Eduardo Jorge pode levar a sério tal denúncia.
Aspectos nebulosos
Os aspectos que cercam o caso são absolutamente nebulosos. A acusação partiu de uma ex-representante de uma empresa pertencente ao grupo Brookfield, responsável pela administração de shoppings, em depoimento ao Ministério Público, sem qualquer detalhe que possa fundamentar a acusação. Mesmo certo noticiário que aponta para uma processo de aprovação relâmpago do Termo de Compromisso Ambiental (TCA) parece ignorar as fases de todo processo. Assim, a liberação ambiental da obra, que supostamente teria sido feita no prazo recorde de uma semana, na verdade consumiu mais de três anos para sua aprovação, desde que os responsáveis pelo empreendimento deram entrada na prefeitura com pedido de reforma, em setembro de 2007.
Depois de passar pela SVMA, o projeto foi par a a Secretaria de Habitação, onde permaneceu por um ano e três meses, até que obtivesse o alvará de execução da obra. De volta a SVMA, a obra obtém a liberação do TCA, que em seguida é suspenso por irregularidade no plantio das novas mudas e o shopping tem de arcar com multas e sanções até que satisfaça as exigências da secretaria, em um processo que se estende até outubro de 2010.
O projeto amplamente detalhado já foi encaminhado pela SVMA à Corregedoria Geral do da Prefeitura e agora Eduardo Jorge espera ser convidado para falar sobre as denúncias. “O processo é legal, está todo regular. É só estudá-lo que qualquer um vai chegar a essa conclusão”, diz ele.