Há dez anos foi instituída a Política Nacional de Educação Ambiental (Pnea – Lei 9795). Para avaliar as conquistas, dificuldades e apontar novos rumos, organizei um seminário em Brasília, com ramificações em todas as capitais do país, em parceria com a Frente Parlamentar Ambientalista, o Ministério do Meio Ambiente, o Ministério da Educação, entidades da sociedade civil organizada e a Comissão de Desenvolvimento Urbano.
Colocamos em cinco mesas distintas as maiores autoridades no assunto em nível de Brasil e pudemos desenvolver discussões com profícuo conteúdo e que irão contribuir sobremaneira com as sugestões que daremos para aprimorar a lei em questão.
As pessoas que lidam com Educação Ambiental sabem que o grande desafio é passar de forma transversal e interdisciplinar conceitos ambientais fundamentais para que tenhamos respeito ao ambiente fora do perímetro urbano e, dentro dele, ações que possibilitem o desenvolvimento urbano, e não apenas o inchaço urbano com seus bolsões de miséria, caos e degradação ambiental.
Somente o conhecimento ou o contato tem o poder de sensibilizar os cidadãos e, dessa forma, convencê-los a abrir mão de parcela de seu conforto em pról da coletividade. Se votamos uma lei ou fazemos uma ação que não encontra respaldo na sociedade, o risco dela não vingar é muito grande. Quando a sociedade entende sua necessidade, passa então a fiscalizar e a colaborar.
Como convencer os cidadãos de que o grande número de automóveis nas cidades tanto prejudica o ar que se respira e tanto nos rouba tempo em congestionamentos se aquele mesmo objeto lhe dá status e prazer? Como implantar ciclovias ou incentivarmos o transporte coletivo e o pedestrianismo nessas condições?
Como discutir com nossos administradores públicos que o saneamento básico é tão ou mais importante que aquele viaduto ou aquela rua asfaltada? Como argumentar da necessidade de uma arborização urbana de qualidade se o cidadão só enxerga a calçada quebrada pelas raízes ou a calha entupida por folhas?
Como dissuadir um jovem a ser razoável com o volume do som de seu automóvel se o individualismo de nossos dias não permite que ele veja o próximo com os mesmos direitos que ele próprio? Como exigir que as pessoas respeitem seu meio se não interagem com ele ou mal o conhecem?
Como ter certeza de aplicar a educação ambiental no ensino formal sem a necessidade de instituir uma disciplina que a engesse e limite seu alcance interdisciplinar e transversal? Como convencer certas pessoas de que ações isoladas como a produção de cartilhinhas a respeito do assunto apenas aumentam a produção de lixo?
Como entronizar o conceito de consumo responsável se somos bombardeados intensamente com propagandas incentivando o consumo desenfreado e irresponsável? Finalmente, como pautar holística num mundo essencialmente materialista?
Essas questões são abordadas pela educação ambiental em seus vários níveis. Formal, informal, empresarial, público, privado, para crianças , para jovens, para adultos e para a melhor idade. E as formas de como essa abordagem aconteceu nos últimos 10 anos, sob a influência da Política Nacional de Educação Ambiental, foi o objeto das discussões que aconteceram durante o seminário. Documentos originados dos debates serão compilados e disseminados da maneira mais abrangente possível para educadores em todos os entes da federação.
José Paulo Toffano é deputado federal (PV/SP), coordenador do grupo técnico de Educação Ambiental da frente parlamentar ambientalista e ex-presidente da comissão de meio ambiente e desenvolvimento regional sustentável do Parlasul.