Os movimentos sociais intensificaram as críticas ao novo Código Florestal, previsto para ser votado em março na Câmara, e pressionarão a presidente Dilma Rousseff a vetar itens da proposta, se o projeto de lei for aprovado pelos deputados. Nesta quinta-feira, cerca de 70 entidades da sociedade civil terão uma reunião com Dilma, como parte das atividades do Fórum Social Mundial Temático, em Porto Alegre.
No terceiro dia do fórum social, organizações como a CNBB, MST, Via Campesina, UNE, WWF e SOS Mata Atlântica anunciaram mobilizações em todo o país para tentar impedir a votação do novo Código Florestal, que foi alterado no fim do ano passado no Senado. Se o texto for aprovado da forma como está, os movimentos sociais apelarão para o veto da presidente.
Na análise de entidades da sociedade civil e ambientalistas, o projeto de lei deverá ampliar o desmatamento, anistiará os desmatadores e prejudicará os mangues.
Representando o MST e a Via Campesina, João Pedro Stédile reiterou: “os movimentos sociais devem pressionar Dilma pelo veto. Vamos apelar para o brio da presidente, que tem personalidade, para que honre seus compromissos com as gerações futuras. Vamos fazer ações de massa”. Mario Mantovani, da SOS Mata Atlântica, disse que serão feitas 30 mobilizações em 14 Estados, que serão intensificadas na véspera do dia previsto para a votação do novo Código Florestal, em março.
Para a secretária geral da WWF, Maria Cecília Wey de Brito, o texto do novo Código Florestal brasileiro é “incoerente” com a Rio +20, conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, que será realizada no Rio de Janeiro, em junho.
“As alterações que foram feitas [no Senado] não foram suficientes para acabar com a perspectiva de aumento do desmatamento e da liberação de gases de efeito estufa. No texto, existem várias propostas para reduzir as áreas de conservação”, afirmou. “Dilma pode não ter sido informada a contento sobre o Código Florestal, nem sobre a visão da sociedade civil sobre isso”, disse a representante da WWF ao participar de um debate sobre o código florestal.
Na plateia, ativistas exibiam adesivos com a frase “Proposta de alteração do Código Florestal? Veta, Dilma!”
Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente e ex-presidenciável, analisou que a aprovação do atual texto do novo Código Florestal abrirá precedente para a votação de “uma enorme agenda de retrocessos”, e citou projetos como o da revisão do código mineral e da demarcação de terras indígenas.
“Estão removendo empecilhos. O Brasil quer passar no teste da sustentabilidade ou mudar esse teste? Parece que está querendo mudar, em vez de passar”, disse. “Esse texto é um retrocesso”, declarou Marina.
“Dilma se comprometeu em vetar propostas que aumentassem o desmatamento e que anistiasse os desmatadores e está em uma situação complicada. Ou se indispõe com o Congresso ou com a sociedade. A nossa mobilização é importante para dar sustentação política para a presidente vetar”, comentou.
Por: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico