Do site do Gabeira:
Dizem que o ano começa depois do carnaval. Mas no Congresso, começou antes. Dois fatos importantes, com relação entre si: a derrocada do corregedor do castelo e a entrevista de Jarbas Vasconcelos, denunciando o caráter fisiológico do PMDB, partido que hoje controla Câmara e Senado.
A vitória de Edmar Moreira como corregedor revela que a maioria queria o máximo de liberdade, num contexto em que ninguém é punido. Mas a maioria não escreve numa página em branco. Existe a imprensa, um certo nível, ainda limitado de transparência, e a minoria que precisa resistir organizada.
Seremos sempre um grupo pequeno. Mas esse grupo pequeno, nas duas casas, pode se unir em torno de alguns pontos básicos. Um deles é impedir que o fosso entre o Congresso e a opinião pública se aprofunde. Para isso é preciso intensificar a vigilância.
De acordo com a experiência anterior, constata-se, num certo momento, que a maioria acossada pela mídia, costuma fazer algumas concessões. Isto quando não consegue empurrar com a barriga, na esperança de que todos se esqueçam.
As vezes, esta aliança entre minoria e imprensa pode ser fortalecida com incursões no judiciário. Aquele aumento de 95 por cento no salário dos parlamentares foi evitado assim: com mandatos de segurança.
Além de união, a minoria tem de recuperar seus pontos de luta. O voto aberto é um deles. Outro ponto que precisa ser colocado é o tal de foro especial. Por que os parlamentares são julgados pelo Supremo e não como qualquer outro cidadão comum. Por que tem uma imunidade que se estende a crimes comuns, isto não se limita ao direito de palavra e de voto?
Além das alianças, o que fortalecerá a minoria é o momento. Estamos nos aproximando das eleições e o embate precisa deixar claro quem é quem. Só assim, conseguimos alguma esperança de renovação. Amanhã, volto ao tema.