Passados 33 anos de sua primeira pergunta – O que é isso, companheiro? – o jornalista Fernando Gabeira lança no dia 5 a segunda da série: Onde está tudo aquilo agora? Se a obra inicial era um balanço de sua breve militância na luta armada, constituída por um sequestro, uma prisão e um exílio, a segunda abre o olhar para cinco décadas de uma vida agitada, iniciada ainda jovem em Juiz de Fora (MG) com “um difuso desejo de liberdade”. Atravessa o jornalismo, a rebeldia, o exílio, a causa ecológica, o PT e o PV mais 16 anos como deputado e candidato, para terminar com a pergunta do título.
A pergunta-memória de Gabeira, colunista do Estadão, vai repartir espaço, nas livrarias, com paisagens semelhantes e recém-lançadas. Uma delas, As Duas Guerras de Vlado Herzog, é um relato do jornalista Audálio Dantas sobre a vida daquele jornalista e o que significou sua morte para a redemocratização. Outra, Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo, é uma investigação de Mario Magalhães sobre o maior mito da resistência armada à ditadura militar.
O meio século vivido por Gabeira é um nunca acabar de esperanças e trombadas. Depois de “uma época exuberante, de afeto, farras e discussões intelectuais”, ele caiu na esquerda, apostando no futuro como “uma invenção nossa”. Em ritmo de thriller cinematográfico, ele é preso após o sequestro do embaixador americano Charles Elbrick e baleado nos rins. Seu roteiro passa por Oban, Ilha Grande, Argélia, Cuba, Berlim, Santiago e, por fim, Estocolmo, de onde voltou ao Rio nas asas da Anistia e virou súbita celebridade, já em 1979, com uma sunga de tricô roxa brilhando ao sol na praia de Ipanema. Sofreu solidões, derrotas, ganhou o pão vendendo livro, foi porteiro de hotel na madrugada e cortou grama para viver.
“Éramos parte de um fracasso histórico”, admite o autor, com franqueza, ao desembarcar em Estocolmo fugido do golpe no Chile. “Eu tinha perdido o script da história (…) aquela confiança em que as coisas se desenrolariam como Marx previra.” Na volta ao Rio, anos depois, a estranheza: “Não existe volta ao país, nem você nem o país são os mesmos”
O Estado de São Paulo
Gabeira sempre foi para nós uma referência importante. Continue com estas linhas democráticas de mostrar modelos eficientes de construção social! Nos do PV Niterói parabenizamos sua tragetória de sucesso!!!