“Quantos mais vão precisar morrer para que esta guerra acabe”, Marielle Franco.
João Pedro, 14 anos, São Gonçalo RJ-Brasil. George Floyd, 46 anos, Minneapolis-EUA. O que estas duas vidas têm incomum?
São negros e seus respectivos estados violaram seus direitos humanos e lhes tiraram a vida, segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, escrita em 1948. São dois homens, negros, de idades distintas, brutalmente assassinados pela polícia, que lhes deveria guardar a segurança.
Luto!
Maio de 2020: Lei Áurea no Brasil declarada no dia 13 deste mesmo mês, em 1988. O Brasil “aboliu a escravidão”. Mas para um povo que ainda sofre as consequências de um racismo não declarado e velado, ainda presente na hipocrisia de uma sociedade incapaz de aprender com o pavor execrável do passado dos povos africanos e seus desdobramentos nas Américas, a escravidão ainda existe. Somos milhares de pretos e pretas vivendo em situação de vulnerabilidade social e emocional em nosso País.
Ao longo de minha vida, eu pude viver a violência direta contra o povo preto. O uso excessivo da força e do abuso do poder da polícia, era considerado natural nos anos 80. Sempre foi comum a violência gratuita dentro das favelas, nas periferias e comunidades – a polícia entrou para matar, calar, amordaçar, chicotear! Entra para algemar, prender, desrespeitar e ameaçar! E os alvos sempre foram os corpos negros e negras, demonstrando a falência do Estado de Direito, porque quando a polícia puxa o gatilho. Fim! Faliu.
Luta!
Os acontecimentos parecem fazer parte de um projeto maior que acontece no Brasil. Conforme dados da Anistia Internacional Campanha Jovem Negro 2019, a cada 23 minutos um jovem ou adulto negro morre violentamente no País. A diáspora forçada, criou uma crise civilizatório planetária, agravando as relações étnico-raciais e aumentando ainda mais o empobrecimento de afrodescendentes nas Américas.
Os sistemas políticos, principalmente o de segurança pública com a sua violência exacerbada, tem uma visão distorcida e preconceituosa da realidade, é essencialmente excludente e individualista, calçada no princípio da identidade do processo da legitimação formal e política de genocídios étnicos de populações marginalizada, ou seja, o povo preto. A exclusão social, educacional e econômica fortalecem ainda mais o extremismos dos ataques que não podem mais terminar no conformismo.
Enquanto as práticas racistas não forem transformadas em políticas públicas de inclusão e leis de punição rigorosas, as autoridades (o Estado) continuarão com suas mãos manchadas de sangue. É preciso colocar em prática a criminalização do racismo, já prevista em lei e, mais, dar poder ao povo preto.
O racismo sempre existiu e foi criado por homens brancos. “O Racismo não está piorando ele está, sendo filmado”, afirmou Will Smith.
Fernanda Vaz – Secretária de Formação do Partido Verde de Santa Catarina, Educadora Física, Educadora Social Cooperativista e de Economia Solidária desde 2000 e Militante do Movimento Hip Hop Cultura de Rua desde 1984.
Fontes:
ANISTIA INTERNACIONAL. Tortura e maus tratos no brasil – Desumanização e impunidade no sistema de justiça criminal. Londres: [s.n.], 2001
JUVENTUDE VIVA. Governo Federal, 2017.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, 1948.
WERNECK, JUREMA DRA.
OLIVEIRA, EDUARDO. Cosmovisão africana no Brasil: elementos para uma filosofia afrodescendente. 2003
WILL SMITH.