Por Jorge Carreiro – Presidente Estadual do Partido Verde – PV/PE e Engenheiro – Humanista
A grande Nau seguia sua viagem ao futuro, havia muitas divergências sobre o destino, qual o trajeto a ser percorrido, onde cada ocupante deveria ser acomodado, muitos são os comandantes, mas, mais, muito mais os comandados.
Tormentas aqui e ali se apresentavam, com o passar dos tempos foram ficando mais frequentes, os “instrumentos de controle” da grande Nau davam sinais que havia riscos, sinais de alertas foram sendo emitidos durante a “viagem”. Os comandantes, espalhados pelos quatro cantos da Nau, davam comandos diversos, a Nau trepidava, importantes e vitais funções de vida foram sendo comprometidas.
Eis que uma grande tormenta se apresenta, a Nau balança. Aparecem avarias em sua estrutura, os sistemas de controles e comandos não parecem mais capazes de manter a nau naquela rota (?).
Não há dúvidas, estamos à deriva!
O desafio que se apresenta é de uma magnitude e consequências estratosféricas.Há urgente chamamento para que as armas tradicionais sejam baixadas, para que “novas armas” sejam levantadas, por todos, para salvar a Nau onde todos estão dentro.
Ações para a verdadeira contenção das causas, que reequilibre a Nau, ainda não foram detectados pelos seus “instrumentos”.
O que vemos?
Todos os esforços voltados unicamente para as consequências, restrito a ações que embora importantes, não equilibram a Nau e ela segue à deriva.
Desta vez, a tormenta atinge todos os andares, começou pelos andares de cima, tomou o corpo central e agora atinge toda a sua estrutura, principalmente nos andares baixos, onde a fragilidade estrutural é muito grande, ameaçando ruir, colapsar, o que ocasionará a sua desintegração.
Muitos foram os sinais de alertas emitidos, mas como até então as turbulências só causavam consequências nos andares baixos, não eram capazes de mexer com os comandantes, geralmente no andar de cima, a Nau seguia sua viagem…
Como exemplo, podemos citar o retrofit que foi feito na região da Nau que abrigava os que não tinham cabines para a viagem, foi então pensado lugares coletivos, que os guardasse e ali pudessem se bastar, nascia o andar das ZEIS, das periferias, por anos ali viajaram… ocorre que na atual tormenta os guardados nas ZEIS, nas periferias, precisam sair para outros andares, para irem buscar suas provisões de sustento, como sempre fizeram. Eles eram invisíveis, vivendo e enfrentando suas próprias turbulências. Mas, agora sua movimentação em massa potencializam a instabilidade da Nau, agita-a toda. Agora, os andares de cima estão sofrendo as consequências dessa grande tormenta.
A Nau precisa de uma nova estrutura, um retrofit não resolve!
Todas as vezes que se enfrentou necessidade de mexer na estrutura da Nau, se fez de modo pontual, a exemplo das ZEIS, que proliferaram também como consequência da falta de contenção de outro “virus”: A injustiça social.
Quais os comandos dados para que se possa vencer esta tormenta?O aparelho poderoso e de muita capilaridade dos poderes públicos, com ações descoordenadas, as estruturas produtivas e também poderosas do capital privado, com pitadas de “solidariedade”, ainda não se dão conta das suas responsabilidades.
Diante de tudo isso, no comando central, além de muitas ressalvas de pensamentos, ausência de empatia, responsabilidade, fazendo crer que há um desejo de se livrar de grande parte dos mais vulneráveis, como que buscando uma “limpeza” segundo seu pensar: Desprezo à vida!!!
A tormenta precisa ser contida, enfrentada naquilo que lhe retroalimenta, para isso tem que se movimentar uma estratégia que dê suporte aos andares frágeis, de modo coordenado e complementar, integrado.
Imagine muitas orquestras juntas, num grande território, onde elas estejam espalhadas e que a geomorfologia desse lugar seja de planaltos, planícies, morros e alagados. As orquestras deverão tocar a mesma música, cada uma com seus músicos e maestro, mas terão que tocar ao mesmo tempo e pela mesma partitura. Só há uma maneira de se obter êxito nessa empreitada, havendo uma concertação entre todas.
Nossa Nau requer ação concertada entre os andares e os comandos, com olhar uno, na mesma direção pra lhe guiar. Precisa de despojamento, humildade, trabalho, que todos os comandantes, tripulantes e passageiros, partilhem de COMUNHÃO.