O ano era de 1991, já se faziam poucos das promessas do “velhinho” ao promulgar a Constituição de 1988, e eu completava a maioridade com o infortúnio do serviço militar obrigatório;
Conversas com um e outro oficial e nada adiantou, então um advogado esposo de minha mãe foi falar com o Coronel sobre minha recusa, o Coronel Fernandes, hoje Ministro General aposentado do STM, disse que eu deveria servir em função da Constituição de 1988 art 143; Já em casa e tentando me conformar o advogado me mostrou o tal diploma legal com os dispositivos do artigo 5º que para eu pareciam surreais, vindo logo a recomendação de que seu eu não servisse eu seria preso.
Se não bastasse esta confusão logo inicial, um Sargento que ficou sabendo da minha involuntariedade, passou a me perseguir dando a todo momento ordens e contraordens de forma a eu ficar em prejuízo perante ao grupo e ao Capitão;
Dadno estas ordens e contraordens maliciosas os oficiais entendiam que eu tinha postergando de forma proposital, como por exemplo não entrar em forma logo após o almoço, ou por ordem deste mesmo Sargento que eu deveria ficar carpindo e cortando uma arvore num buraco cheio de lama, e que sujou meu coturno.
Todos em forma, na frente dos graduados e oficiais grita o Sargento para eu entrar em forma imediatamente, contrariando o primeiro comando de que eu deveria ficar lá, não saindo de jeito nenhum, podando a tal arvore até a missão estar completa;
Já em forma, este começa a me difamar e injuriar, dizendo sobre meu coturno, ordenando agora que eu saísse de forma e fosse ao vestiário limpar e engraxar o coturno, quando eu fiz, acabei levando um nova bronca: De que eu não deveria ter saído de forma enquanto o Capitão não ordenasse.
No avanço da perseguição e irritação, este mesmo sargento me apertou na escala da guarda, deixando-me na escala de um para um, ou seja, um dia inteiro na guarda e praticamente sem dormir e outro cumprindo a atividade massacrante do quartel, como único gesto de confiança davam os alimentos, fardamento, alojamento e ainda a posse de um Fuzil avaliado em R$ 40 mil reais nas minhas mãos.
Por sorte que este Sargento logo dava baixa, aliás este era um Soldado com curso e não formado pela ESA, assim com altos e baixos acabei me adaptado nos serviços burocráticos do quartel mas tudo em função de uma lei, da Constituição de 1988, sem a promulgação desta nada seria feito, e eu jamais serviria nem fraudador nem torturador;
O Soldado e o serviço militar obrigatório é a base engrenagem de todo o sistema militar: Nada mais funciona sem o Soldado, e nada funciona sem a Constituição. Quando voltei a vida civil passaria a ver algo pior: O descumprimento doloso de quase todos seus dispositivos do artigo cidadão, ao que me levou sucessivamente ao quase estado de falta de alimentos, com terras e patrimônio invadido por fraudadores;
Pergunto então a todos o reservistas e Soldados, estes que determinarão o futuro: Seguimos em frente no que comungamos em 1988, ou desmanchamos tudo de uma vez?